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Interior

“Arquivo vivo”, advogada executada na fronteira ameaçava autoridades

Em áudio divulgado por jornal paraguaio, Laura Casuso afirmou que Minotauro comanda crime na fronteira de um tablet e que chefe da Polícia Nacional está na folha de pagamento do tráfico

Helio de Freitas, de Dourados | 14/11/2018 14:28
Laura Casuso revelou em áudios que sabia do envolvimento de autoridades com o crime organizado (Foto: ABC Color)
Laura Casuso revelou em áudios que sabia do envolvimento de autoridades com o crime organizado (Foto: ABC Color)

Defensora dos narcotraficantes brasileiros Jarvis Gimenes Pavão e Fernando Marcelo Pinheiro Veiga, a advogada Laura Marcela Casuso, 54, vivia em guerra com autoridades paraguaias. Na noite de segunda-feira (14), Laura foi alvejada com dez tiros de pistola 9 milímetros por pistoleiros, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande. Ela morreu horas depois.

Em 2016, quando o governo paraguaio defendeu a extradição de Pavão para o Brasil, Laura ameaçou revelar negócios sujos envolvendo o então presidente do país vizinho, Horacio Cartes. No ano passado, acusou o governo de mentir sobre supostos planos de resgate e fez novas ameaças.

Nos últimos meses, Laura tinha intensificado as acusações às autoridades paraguaias e revelado, em conversas com pessoas ainda mantidas em sigilo, nomes de membros do governo e da polícia que receberiam dinheiro para proteger o crime organizado.

Propina do chefe – Nesta quarta-feira (14), o jornal ABC Color, o mais influente do Paraguai, divulgou um áudio enviado por Laura Casuso via WhatsApp a uma pessoa não identificada em que ela faz novas denúncias de corrupção entre policiais paraguaios.

Um dos alvos das denúncias é o comissário Abel Cañete, diretor geral de investigações da Polícia Nacional do Paraguai. Na conversa, possivelmente com alguma autoridade do país vizinho, ela afirma que um homem chamado Epifânio Barreto é quem leva dinheiro do crime organizado para Abel Cañete.

“Vocês estão podres até a cabeça. Epi [Epifânio] é quem traz dinheiro para o grupo de Abel e companhia, então eles são todos loucos. Você não pode fazer nada trabalhando assim”, afirmou Laura no áudio revelado pelo ABC. Epifânio seria o contato de Minotauro com o comissário.

Minotauro – A advogada diz na conversa que sua fonte é uma ex-amante do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, morto a tiros de metralhadora calibre 50 em Pedro Juan Caballero, em junho de 2016. E afirma que o brasileiro Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, é o novo capo da fronteira.

“A ex-mulher, amante eterna de Jorge, de Rafaat, esteve comigo no Brasil. Ela me disse, ela me assegurou, ela disse: ‘Eu não sei para onde o Minotauro foi, mas de um tablet, o Minotauro está controlando todos, toda a cidade”, afirmou Laura.

A advogada diz ao interlocutor que a ex de Rafaat agora é amante de Minotauro: “Ela está com ele. A tipa é muito habilidosa e ninguém fica atrás da tipa”.

Na tarde desta quarta-feira, Abel Cañete disse que existem muitos “Abels” na Polícia Nacional. Ele negou envolvimento com o narcotráfico e disse que há 30 anos mora na mesma casa.

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