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Interior

“Cansados” de promessas, índios fazem bloqueio por água em aldeias

MS-156 deve passar mais um dia interditada, já que obras para perfuração de poços em aldeias só devem começar amanhã

Helio de Freitas, de Dourados | 26/07/2016 08:15
Índios vão manter MS-156 bloqueada nesta terça (Foto: Direto das Ruas)
Índios vão manter MS-156 bloqueada nesta terça (Foto: Direto das Ruas)

Índios da reserva de Dourados, município a 233 km de Campo Grande, voltaram a bloquear na manhã de hoje (26) a MS-156, rodovia que liga a Itaporã e Maracaju e também principal acesso a cidades da região sudoeste, como Jardim e Bonito.

É o segundo dia de protestos da comunidade guarani-kaiowá para exigir da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) o início imediato da perfuração de dois poços artesianos para garantir o abastecimento de pelo menos quatro mil pessoas que há meses sofrem com a falta de água.

De acordo com o vice-capitão da aldeia Jaguapiru, Sílvio de Leão, a data para o início das obras foi alterada por várias vezes pela Sesai e os moradores cansaram de esperar e decidiram interditar a rodovia. “Não aguentamos mais só promessa, por isso a rodovia continua fechada hoje e amanhã até a chegada das máquinas”, afirmou ele ao Campo Grande News.

A falta de água nas aldeias Bororó e Jaguapiru é um problema antigo. O sistema de abastecimento implantado na reserva não funciona mais por falta de manutenção e os moradores não podem perfurar poços caseiros. “Quem pode faz poço semi-artesiano, mas os outros têm que buscar água contaminada em córregos e lagoas”, afirma o vice-capitão.

Com o bloqueio, a alternativa para quem segue de Dourados para Maracaju é a BR-163, passando pelo município de Rio Brilhante. Outra opção é pela MS-164, passando pelo distrito de Vista Alegre.

Começa amanhã – O deputado federal Geraldo Resende (PSDB), que ontem foi até a reserva, mas não conseguiu convencer os índios a desistirem do bloqueio, anunciou que a perfuração dos poços começa amanhã.

Segundo o congressista, a informação foi repassada pela Funasa (Fundação Nacional da Saúde) e Sesai. Resende afirmou também, através da assessoria, que o bloqueio ocorreu mesmo após o acordo firmado com as lideranças o que, segundo ele, mostra um conflito interno na reserva.

A assessoria do deputado informou que o novo poço tubular que será perfurado na Jaguapiru terá 112 metros de profundidade e deve ter a mesma vasão do antigo, que desabou - 17.100 litros por hora.

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