“#EleNão” leva manifestantes para passeata sem escolta em avenida
Estudantes, servidores públicos e trabalhadores em geral levaram faixas e cartazes para protestar contra Jair Bolsonaro; manifestantes reclamaram da falta de escolta da PM e da Guarda Municipal
Alvos de comentários considerados machistas ao longo da carreira política do deputado federal Jair Bolsonaro, mulheres saíram às ruas em várias cidades do país na tarde deste sábado (29) para protestar contra o candidato do PSL à presidência da República e líder nas pesquisas de intenção de voto.
Em Dourados, a 233 km de Campo Grande, pelo menos 500 pessoas, segundo os organizadores, e 400, segundo a Polícia Militar, participaram do ato “#EleNão”. O número é menor ao esperado, já que no Facebook eram três mil confirmados até a noite de ontem.
Mato Grosso do Sul é um dos estados onde o candidato do PSL tem os maiores índices de intenção de voto, com 35%, segundo pesquisa do Ibope divulgada no dia 24 deste mês.
“#EleNão” – Homens e mulheres, trabalhadores de várias atividades, servidores públicos, artistas e estudantes participaram do ato “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, que começou com a concentração em frente à Catedral Imaculada Conceição, na Praça Antônio João.
Em seguida os manifestantes saíram em passeata pela Avenida Marcelino Pires, sem escolta policial, o que gerou mais reclamação. Viaturas da Polícia Militar estavam presentes no local, mas não escoltaram a marcha nem fecharam as ruas transversais para a passeata.
“Ele representa todo o ódio que nossa sociedade combate há muito tempo”, disse Renata de Oliveira Costa, 29. “Ele não porque ele discrimina as mulheres e é a favor do armamento”, afirmou a diarista Isabel de Souza.
“Ele é contra as mulheres, defende que mulher tem que ganhar menos, é a favor da ditadura, por isso ele não”, disse a funcionária pública Jussara Viana, 52. “Ele não porque ele incita a violência, fere a existência da diversidade”, afirmou a defensora pública Marisa Gonçalves. Veja o vídeo abaixo com os depoimentos e demais imagens do protesto em Dourados.
Sem escolta – A “Marcha contra o Fascismo” demorou pelo menos 20 minutos para começar. Os manifestantes aguardavam viaturas da Polícia Militar, da Guarda Municipal e da Agetran (Agência Municipal de Trânsito), mas a escolta não apareceu.
No local havia uma viatura da Guarda em frente à praça e um policial militar de moto, mas ficaram à distância. Duas viaturas da PM chegaram à praça em seguida. Com fitas, os próprios manifestantes trataram de fechar as ruas durante a passeata.
Uma manifestante disse que a condutora de uma caminhonete não identificada “furou” a passeata e cruzou a avenida, mas nenhuma pessoa foi atingida. À distância, menos outras duas caminhonetes foram vistas “cantando pneu” perto da marcha.
Ofícios – O Campo Grande News teve acesso aos ofícios enviados aos comandos da PM e da Guarda e ao diretor-presidente da Agetran Carlos Fábio, solicitando escolta para o cortejo e para a concentração na praça.
“Nossa ação está exatamente dentro do que foi solicitado, que é a segurança do evento. Serviço de escolta ou de batedor não é realizado pela PM. Estamos atendendo a todos exatamente da mesma forma”, informou a assessoria de imprensa do 3º Batalhão da PM.
“Foram orientados a solicitar apoio da Agetran”, completou o comandante da Polícia Militar em Dourados, tenente-coronel Carlos Silva.
No grupo de Whatsapp do 3ª Batalhão da PM, Carlos Silva postou fotos de viaturas da PM estacionados em frente ao posto da corporação na Marcelino Pires com a Rua Nelson de Araújo e no calçadão da catedral, com a frase “pra quem queria ver a PM no movimento pacífico”.
“Como passado pra vocês, a PM deve fazer o acompanhamento para segurança dos envolvidos. E com relação à escolta, orientamos a respeito de qual órgão solicitar”, escreveu Carlos Silva, no mesmo grupo de WhatsApp.
“Tinha viaturas ao redor da manifestação, pois o nosso temor seria algum ato violento contra os manifestantes. Durante a semana as redes sociais foram monitoradas e algumas pessoas faziam ofensas ao grupo, inclusive contra a integridade. O efetivo foi o condizente para atuar na situação de segurança, nossa preocupação principal”, afirmou Carlos Silva.
Carlos Fábio, da Agetran, disse que a agência não tinha efetivo para atender ao pedido de escolta no horário da passeata e orientou à organização que solicitasse apoio da Guarda Municipal.
O comandante da Guarda Sílvio Reginaldo Peres Costa disse que a corporação não atendeu ao pedido de escolta para a passeata por se tratar de ato político. “Não estamos atendendo nem lado A nem lado B”, afirmou. (Colaborou João Pires)