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Mercenário de MS, a serviço na Ucrânia, é denunciado por lavagem de dinheiro

Ele integra esquema com homem que se passou por policial e já foi condenado por extorsão

Por Silvia Frias | 03/03/2025 09:55
Mercenário de MS, a serviço na Ucrânia, é denunciado por lavagem de dinheiro
Imagem usada no site da Legião Internacional, para convocar combatentes (Foto/Reprodução)

Denunciado por lavagem de dinheiro, um militar sul-mato-grossense foi citado por WhatsApp e ligação telefônica sobre a denúncia formulada pelo MPF (Ministério Público Federal). O recurso foi usado e considerado legal, já que ele estaria a serviço na Ucrânia, contratado para lutar na guerra contra a Rússia.

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Um militar sul-mato-grossense foi denunciado por lavagem de dinheiro e citado por WhatsApp e ligação telefônica, já que estaria na Ucrânia lutando contra a Rússia. Outro envolvido, Wellington José Carvalho de Almeida, já condenado por extorsão, também foi denunciado. O processo, em segredo de Justiça, tramita desde 2024. Wellington, ex-servidor público, foi exonerado após condenação na Operação Nepsis, onde se passava por policial para extorquir contrabandistas. A Justiça considerou legal a citação do militar e determinou que a Defensoria Pública apresente resposta à acusação.

Além dele, outro denunciado foi Wellington José Carvalho de Almeida, já condenado em processo por extorsão, ao se passar por policial civil e exigir R$ 10 mil de suspeito de contrabando de cigarros em Dourados, a 251 quilômetros de Campo Grande.

A ação por crime de lavagem de dinheiro foi protocolada em 2024 e o andamento sobre a citação foi publicado na edição de hoje do Diário da Justiça Federal.

Wellington e o outro denunciado, identificado pela sigla C.P.D.L e o primeiro nome, César, são acusados do crime previsto na Lei 9.613/98, que dispõe sobre lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Não há detalhes sobre o esquema no despacho, já que o processo tramita em segredo de Justiça.

No documento, o juiz Bruno da Cunha Teixeira disse que Wellington José havia sido citado por meio de advogado, mas o profissional quedou-se inerte, ou seja, não se manifestou sobre a acusação.

No caso de César, consta que a oficial de Justiça citou o militar por WhatsApp e telefone. O MPF pediu que um defensor público fosse nomeado, pois, embora o acusado alegue estar na Ucrânia, como contratado por aquele país na guerra, não se encontra em missão oficial.

Os contratados da guerra atuam pela Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, grupo criado pelo presidente daquele país, Volodymyr Zelenski, para “resistir ao agressor russo”. Segundo reportagem da Carta Capital, de outubro de 2024, os voluntários que lutam recebem salário básico de 200 mil rublos por mês, hoje, no valor de R$ 13 mil.

Segundo o processo, Wellington José reafirmou que tinha advogado constituído, mas não forneceu nome e, o profissional apontado, novamente intimado, não apresentou manifestação nos autos.

O magistrado considerou legal a citação de César feita pela oficial de Justiça, alegando que há previsão nos artigos 8º e 10º da resolução 254/2020 do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Também citou caso de citação semelhante, de 2022.

“O Ministério Público Federal pontua que, pelos documentos juntados pela oficiala de Justiça, é possível verificar que o acusado teve ciência inequívoca em 10/09/2024 a respeito do ato que se pretendia comunicar, qual seja, citação para apresentar resposta à acusação”, avaliou o magistrado. Assim, determinou a remessa dos autos à Defensoria Pública da União para apresentação de resposta à acusação com relação ao acusado.

Sobre Wellington José, o magistrado, determinou que ele seja intimado para constituir novo advogado ou se há interesse em ser assistido pela Defensoria Pública da União.

Recorrente – Wellington José Carvalho de Almeida é ex-servidor público do município de Dourados e foi exonerado em 2023, após ser condenado no âmbito da Operação Nepsis. Ele se passava por policial federal para extorquir integrantes da máfia do cigarro atuante na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

Em outubro de 2024, Wellington José foi condenado, juntamente com Wagner Renan Marques por constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça (extorsão).

Segundo a denúncia que tramitou na 2ª Vara Criminal de Dourados, o crime aconteceu entre os dias 2 e 4 de maio de 2023, quando os dois homens entraram na casa da vítima, usando equipamentos e vestimentas comuns aos integrantes da segurança pública.

Os dois fizeram buscas na casa, alegando que havia denúncia de que o dono do imóvel guardava cigarro contrabandeado. Disseram que dariam “baixa nas buscas”, fornecendo chave Pix para que a vítima desse “agrado” a eles.

O valor combinado era de R$ 10 mil. No dia do pagamento, segundo denúncia, Wagner Renan ainda fez o homem entrar no carro, deu voltas pela cidade e, sob ameaça, exigia o montante. O serviço de inteligência da PM (Polícia Militar) já havia sido acionado e o falso policial foi preso. O comprado, foi detido posteriormente.

Em juízo, ambos negaram o crime. Wagner Renan diz que foi contratado para cobrar dívida de R$ 50 mil da pretensa vítima de extorsão. Já Wellington alegou que procurou o homem para comprar pneus usados e que não tinha conhecimento da venda de cigarros contrabandeados.

A pena imposta a Wellington José foi de sete anos e um mês de prisão, em regime fechado, porém, foi reduzida para quatro anos após apelação no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

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