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Interior

“A fronteira tem fome!”, gritam paraguaios para cobrar fim de bloqueio

Moradores de Pedro Juan Caballero e de outras três cidades paraguaias protestam hoje

Helio de Freitas, de Dourados | 22/09/2020 11:42
Moradores de Pedro Juan Caballero expõem em cartazes o drama da fronteira fechada (Foto: W Teixeira)
Moradores de Pedro Juan Caballero expõem em cartazes o drama da fronteira fechada (Foto: W Teixeira)

Para cobrar a reabertura total da fronteira, pelo menos três mil pessoas protestaram nesta terça-feira (22) em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.

A maioria dos manifestantes era formada por empresários e trabalhadores ainda empregados e os demitidos do comércio local durante esses seis meses de fronteira fechada por causa da pandemia do novo coronavírus. Taxistas das duas cidades também participaram do ato.

Com cartazes, eles marcharam até em frente à Aduana paraguaia para cobrar a reabertura total da fronteira e não apenas medidas paliativas como as previstas no acordo assinado na semana passada entre Paraguai e Brasil, mas ainda não colocado em prática.

“A fronteira tem fome”, “A crise é pior que a pandemia”, “Abertura total já da fronteira” e “Necessitamos trabalhar” foram as frases mais escritas nos cartazes. A manifestação foi acompanhada por policiais e militares que desde março vigiam a Linha Internacional.

Veja o vídeo do protesto:

Além de Pedro Juan, os protestos ocorreram em Salto del Guairá, cidade vizinha de Mundo Novo (MS), Ciudad del Este, na Ponte da Amizade que liga o Paraguai a Foz do Iguaçu (PR), e Encarnación, na fronteira com a Argentina.

Não há números exatos, mas estimativas dos comerciantes locais indicam ao menos cinco mil lojas fechadas e 20 mil trabalhadores demitidos só em Pedro Juan Caballero.

Hoje, mais mil trabalhadores ficaram sem emprego na cidade. O Maxi Hipermercado e o Fortis Atacadista anunciaram suspensão total das atividades até a reabertura da fronteira.

Pertencente ao grupo Cogorno – dono do Shopping China e do Planet Outlet – o Maxi demitiu 700 pessoas. O Fortis deixou mais 300 sem emprego.

Felipe Cogorno, dono do Maxi, disse ao jornal ABC Color que o fechamento foi a única saída diante da queda nas vendas. Segundo ele, só existe uma saída para a crise em Pedro Juan Caballero: a reabertura da fronteira.

Citado como exemplo no combate à covid-19 no início da pandemia por causa das medidas duras que adotou, o Paraguai vê os casos da doença aumentando todos os dias. Na capital Asunción e no Departamento (equivalente a Estado) Central já há falta de leitos de UTI.

O Paraguai já registrou 34.260 casos do novo coronavírus, dos quais 18.629 estão recuperados. Foram 676 mortes até hoje. Apesar do aumento recente, o país de sete milhões de habitantes tem metade dos casos e dos óbitos registrados em Mato Grosso do Sul, Estado com 2,6 milhões de habitantes.

Paraguaios marcham em protesto pela reabertura da fronteira (Foto: W Teixeira)
Paraguaios marcham em protesto pela reabertura da fronteira (Foto: W Teixeira)


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