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Interior

"Achei que era fake news", diz produtor que vai receber título de aniversário

A entrega do título Rural que há 15 anos ele luta para ter vai chegar junto com os 57 anos

Paula Maciulevicius Brasil | 13/05/2021 14:25
Ademir passou nove anos em acampamentos diferentes até chegar em 2005 à área Patagônia (Foto: Henrique Kawaminami)
Ademir passou nove anos em acampamentos diferentes até chegar em 2005 à área Patagônia (Foto: Henrique Kawaminami)

Quando o assunto começou a circular entre os 716 lotes do assentamento Santa Mônica, da vinda do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o produtor Ademir de Jesus Pereira não teve dúvida: "achei que fosse fake news".

No entanto, a vinda não só se confirmou como a entrega do título Rural que há 15 anos ele luta para ter vai chegar bem próximo ao aniversário. "Faço 57 anos na segunda, será o melhor presente de aniversário que eu vou ter", define.

Vindo da roça, Ademir conta que foi criado em sítio na região de Dourados e que depois foi para a cidade. Na Capital, teve dois filhos e ficou lá por eles. Foram 20 anos trabalhando como vigilante.

"Fiquei um tempo na cidade porque tinha que criar os filhos", explica. Quando resolveu lutar por terra, Ademir passou nove anos em acampamentos diferentes até chegar em 2005 à área Patagônia.

"Acampei em vários lugares, estávamos no Eldorado e de lá tivemos a informação que tinha sido feita a vistoria na fazenda Santa Mônica e ia dar o assentamento. Então, rapidamente viemos para cá", lembra.

Em fevereiro de 2005, Ademir acampou na região, em outubro pegou a posse da terra, mais precisamente no dia 25 de outubro de 2005. "E fomos empossados oficialmente em 2006", completa.

O nome da propriedade reflete o sentimento da família com a vida no campo (Foto: Henrique Kawaminami)
O nome da propriedade reflete o sentimento da família com a vida no campo (Foto: Henrique Kawaminami)

A estância se chama Prosperidade e não é para menos. O produtor narra que tudo ali tem prosperado ao lado dos dois filhos e da esposa Noêmia.

São seis hectares onde Ademir produz leite, hortifruti e de tudo um pouco. Em outros tempos, ele até tinha mais plantações, mas depois de três cirurgias de coluna, ficou um pouco mais limitado.

"A gente está aqui há 15 anos lutando por esse título e tem gente de outros assentamentos que já tem mais de 30 e ainda não tem. Para nós esse título é a coroação do nosso trabalho", enxerga.

Orgulhoso de ser agricultor familiar, Ademir diz que o título lhe trará mais independência e facilidades de linhas de crédito.

"Até hoje a gente é vinculado ao Incra, tudo o que precisa fazer no lote depende do Incra. Na pandemia a gente não tem tido acesso a nada e estamos aqui praticamente abandonados", descreve.

Prestes a ter o título em mãos, Ademir não vê a hora de colocar os planos em prática de ampliar a bacia leiteira.

"Como a gente era dependente do Incra, os bancos ficam meio assim de liberar, com o título é um garantia, então creio que não vamos mais ter dificuldade", espera.

As vacas estão no pasto, mas Ademir faz questão de mostrar o mangueiral, o cantinho onde ele faz a ordenha ainda manual e também produz queijo. "Esse é meu mangueirinho, onde fico ordenando as vacas. É aqui que faço meu queijinho, ligo o rádio e fico ouvindo as minhas músicas", narra.

A única lamentação é do pai, já falecido, não estar aqui para ver o sonho de três gerações se realizar.

"Era um sonho do meu avô, do meu pai, que a gente conseguiu realizar. Meu pai infelizmente faleceu, mas teve a honra de ver a gente dentro da terra pelo menos. Somos de família humilde, a gente não tinha dinheiro para comprar uma terra, então teria que ser na luta mesmo e a gente lutou", se orgulha em dizer.

Ademir ao lado da esposa Noêmia. Junto com dois filhos, o casal administra a propriedade (Foto: Henrique Kawaminami)
Ademir ao lado da esposa Noêmia. Junto com dois filhos, o casal administra a propriedade (Foto: Henrique Kawaminami)

Estrutura - São pelo menos seis igrejas evangélicas no assentamento, mais escola Estadual, posto de saúde, conveniência, lanchonete, mercearia, mercado e açougue.

Com sinal de internet então, não tem nem o que reclamar do assentamento. "Agora está saindo até posto de gasolina. Nós temos de tudo, temos internet, ônibus para levar aluno, aqui é um assentamento privilegiado".

A ansiedade de Ademir agora é a de pegar o título pelas mãos do Presidente. "Eles escolheram entre cinco e seis produtores, vamos ver. Pelo protocolo que eu vejo na TV, a gente pode receber pelas mãos de outras autoridades, mas vai que...? Eu já estou feliz da vida", finaliza.

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