Alvo por trabalho escravo, fazendeiro preso com armas paga fiança de 10 mil
Carlos Cesar Martins Lima, 56, foi preso ontem pela Polícia Federal com 17 armas e 279 munições
O fazendeiro Carlos Cesar Martins Lima, 56, preso ontem (5) pela Polícia Federal por porte e posse ilegal de 17 armas e 279 munições em Bela Vista (a 324 km de Campo Grande), pagou fiança de R$ 10 mil e vai responder ao inquérito em liberdade.
A prisão em flagrante ocorreu durante cumprimento de mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Corixo, deflagrada pela PF e por fiscais do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), que investiga o fazendeiro por submeter cidadãos paraguaios a trabalho análogo à escravidão.
No ano passado, fiscalização do MTE encontrou três cidadãos paraguaios submetidos a condições análogas à escravidão na Fazendinha, de propriedade de Carlos Cesar, que também é veterinário. Inquérito policial para investigar o caso foi instaurado na delegacia da PF em Ponta Porã, no início de janeiro.
Ontem, com apoio do MTE, a PF desencadeou a Operação Corixo para cumprir mandados de busca e apreensão na fazenda e na loja de veterinária de Carlos Cesar, localizada no centro de Bela Vista. Os mandados foram assinados pelo juiz Vitor Figueiredo de Oliveira, da 2ª Vara Federal em Ponta Porã.
Na propriedade rural, as equipes foram recebidas pelo proprietário. Após buscas no local que era usado como alojamento dos trabalhadores, os policiais informaram que acompanhariam Carlos Cesar até o segundo endereço dos mandados, a loja veterinária localizada na cidade.
Entretanto, antes de entrarem no veículo particular do fazendeiro para acompanhá-lo, os agentes fizeram buscas no interior do carro e encontraram um revólver Magnum calibre 357. Carlos disse ter apenas autorização de posse da arma e estava ciente que não poderia transportar o revólver.
Informado sobre a arma, o delegado que chefiava as buscas deu voz de prisão em flagrante ao fazendeiro. As equipes então se deslocaram até a loja veterinária, onde dois advogados já os aguardavam.
No estabelecimento, os policiais encontraram cofres e armários trancados. Carlos Cesar abriu o cofre, onde foram encontradas várias armas e munições. Conforme o termo de prisão em flagrante, o fazendeiro se negou a abrir um armário de aço, que teve de ser arrombado por um agente da PF.
Dentro do compartimento foram encontradas mais armas e munições. Ainda durante as buscas na veterinária, os policiais federais apreenderam 21 carteiras de trabalho e R$ 26 mil em espécie.
O arsenal apreendido tinha sete revólveres, 4 pistolas e seis espingardas, entre elas uma escopeta calibre 12. Carlos Cesar foi levado para a delegacia da PF em Ponta Porã. O procedimento de flagrante terminou apenas à noite. Após recolher o valor da fiança, ele foi colocado em liberdade.
A operação – Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça Federal determinou outras medidas cautelares, como proibição de contato do fazendeiro com os trabalhadores explorados.
O nome da operação (corixo) faz alusão a termo muito usado no Pantanal, que se refere a um curso d'água que pode apresentar diversos tamanhos e larguras, como se fossem braços de rios e que se formam durante a cheia na planície pantaneira.
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