Após ouvir produtores de áreas ocupadas, CPI encerra “agenda secreta” hoje
CPI que investiga atuação da Funai e do Incra na demarcação de terras no país está em MS desde segunda e foi criticada por índios
Após reuniões sigilosas em Amambai e Dourados, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada pela Câmara dos Deputados para investigar a atuação da Funai e do Incra na demarcação de terras indígenas e quilombolas encerra nesta sexta-feira (10) as diligências realizadas desde segunda-feira em Mato Grosso do Sul.
Criticadas pelo Conselho do Aty Guasu Guarani-Kaiowá, que chamou de "sorrateira" a presença da CPI no Estado e disse que a comissão “se arrasta como cobra no mato”, as diligências foram mantidas em sigilo. Os locais em que os representantes da CPI estiveram, datas e horários não foram informados à imprensa.
Segundo a assessoria de imprensa da sub-relatora, deputada sul-mato-grossense Tereza Cristina (PSB), que comanda o trabalho em MS, o sigilo foi adotado por medida de segurança e para não causar tumulto nos locais em que a parlamentar e os técnicos estariam.
Sitiantes ouvidos – Em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, a CPI fez reunião na quarta-feira à tarde, na Câmara de Vereadores, em horário fora do expediente do Legislativo douradense, que funciona apenas no período da manhã.
O Campo Grande News apurou que na audiência, Tereza Cristina ouviu o depoimento de proprietários de sítios ocupados há mais de três meses por índios guarani-kaiowá nos arredores da reserva de Dourados.
Entre os sitiantes que narraram o drama pelo qual passa com as invasões estava Vanilda Valintin, que desde 5 de março está fora de sua casa com o marido e os filhos pequenos porque o sítio da família foi invadido por índios que reivindicam a demarcação de terras na região norte do município.
Críticas – Na quarta-feira, o Conselho do Aty Guasu Guarani-Kaiowá entregou carta ao MPF (Ministério Público Federal) em Dourados criticando a presença da CPI no Estado.
Na carta, as lideranças do Aty Guasu – organização política formada pelos guarani-kaiowá de Mato Grosso do Sul – afirmam que os índios não foram informados das atividades da CPI e temem que as investigações se limitem a ouvir “um lado só”, em referência a possíveis encontros com produtores e sindicatos rurais.