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Interior

Arame barra brasileiros na fronteira, mas paraguaios têm passagem livre

Em Pedro Juan Caballero e Capitán Bado, cidadãos paraguaios cruzam Linha Internacional na frente de soldados

Helio de Freitas, de Dourados | 30/03/2020 15:38
Soldado paraguaio observa compatriotas comprando alimentos de caminhão parado no lado brasileiro da fronteira (Foto: Direto das Ruas)
Soldado paraguaio observa compatriotas comprando alimentos de caminhão parado no lado brasileiro da fronteira (Foto: Direto das Ruas)

Cerca de arame farpado, valetas abertas com retroescavadeira e barreiras de soldados armados estão entre as artimanhas adotadas pelo Paraguai para fechar sua fronteira com Mato Grosso do Sul e impedir a entrada de brasileiros durante a quarentena decretada por causa da pandemia do novo coronavírus.

Só que na maioria das vezes a regra só é cumprida em relação aos sul-mato-grossenses, impedidos de entrar no território paraguaio. Já os cidadãos do país vizinho estão passando livremente pelos postos de controle e circulando pelas ruas de Ponta Porã, vizinha de Pedro Juan Caballero, e Coronel Sapucaia, cidade-gêmea de Capitán Bado.

As denúncias foram feitas por moradores das duas cidades sul-mato-grossenses, revoltados com o descaso dos militares paraguaios e com a ausência de fiscalização por parte do Brasil. Na semana passada o presidente Jair Bolsonaro determinou fechamento das fronteiras brasileiras com os vizinhos sul-americanos, mas deixou fora as cidades-gêmeas, como é o caso de Ponta Porã e Coronel Sapucaia.

Vídeo gravado por morador da fronteira no fim de semana mostra cidadãos de Pedro Juan Caballero passando na frente de militares paraguaios e retornando com compras feitas em Ponta Porã. “A gente não pode entrar no Paraguai, mas eles estão circulando livremente aqui”, protestou outro morador.

Veja o vídeo:

O secretário municipal de Segurança Pública de Ponta Porã Marcelino Nunes de Oliveira disse ter sido informado por jornalistas paraguaios que o vídeo já teria chegado ao conhecimento de membros do governo do Paraguai.

Coronel Sapucaia – O Campo Grande News apurou que situação semelhante ocorre em Coronel Sapucaia, cidade a 400 km de Campo Grande. Naquela parte da fronteira, o Exército paraguaio abriu uma valeta para impedir a circulação de carros e motos e montou barreiras com militares armados nos acessos entre as duas cidades.

Entretanto, moradores de Capitán Bado passam pelos bloqueios para fazer compras e passear do lado brasileiro. Nesta segunda-feira (30), paraguaios em uma caminhonete cruzaram a Linha Internacional para comprar frutas e verduras de uma carreta estacionada na Praça da Bandeira, do lado brasileiro. A negociação foi feita na frente dos militares paraguaios, que nada fizeram.

“Os brasileiros não podem entrar no Paraguai, mas os paraguaios podem entrar no Brasil e ainda fazem contrabando a céu aberto, na frente dos militares”, afirmou morador de Coronel Sapucaia.

“O caminhão de frutas e verduras vem de fora, para na fronteira e o pessoal vem do outro lado para comprar e levar para o Paraguai. O Paraguai fechou, mas só para os brasileiros”, reclamou o cidadão sul-mato-grossense. Segundo ele, a situação ocorre quase todos os dias.

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