Arame barra brasileiros na fronteira, mas paraguaios têm passagem livre
Em Pedro Juan Caballero e Capitán Bado, cidadãos paraguaios cruzam Linha Internacional na frente de soldados
Cerca de arame farpado, valetas abertas com retroescavadeira e barreiras de soldados armados estão entre as artimanhas adotadas pelo Paraguai para fechar sua fronteira com Mato Grosso do Sul e impedir a entrada de brasileiros durante a quarentena decretada por causa da pandemia do novo coronavírus.
Só que na maioria das vezes a regra só é cumprida em relação aos sul-mato-grossenses, impedidos de entrar no território paraguaio. Já os cidadãos do país vizinho estão passando livremente pelos postos de controle e circulando pelas ruas de Ponta Porã, vizinha de Pedro Juan Caballero, e Coronel Sapucaia, cidade-gêmea de Capitán Bado.
As denúncias foram feitas por moradores das duas cidades sul-mato-grossenses, revoltados com o descaso dos militares paraguaios e com a ausência de fiscalização por parte do Brasil. Na semana passada o presidente Jair Bolsonaro determinou fechamento das fronteiras brasileiras com os vizinhos sul-americanos, mas deixou fora as cidades-gêmeas, como é o caso de Ponta Porã e Coronel Sapucaia.
Vídeo gravado por morador da fronteira no fim de semana mostra cidadãos de Pedro Juan Caballero passando na frente de militares paraguaios e retornando com compras feitas em Ponta Porã. “A gente não pode entrar no Paraguai, mas eles estão circulando livremente aqui”, protestou outro morador.
Veja o vídeo:
O secretário municipal de Segurança Pública de Ponta Porã Marcelino Nunes de Oliveira disse ter sido informado por jornalistas paraguaios que o vídeo já teria chegado ao conhecimento de membros do governo do Paraguai.
Coronel Sapucaia – O Campo Grande News apurou que situação semelhante ocorre em Coronel Sapucaia, cidade a 400 km de Campo Grande. Naquela parte da fronteira, o Exército paraguaio abriu uma valeta para impedir a circulação de carros e motos e montou barreiras com militares armados nos acessos entre as duas cidades.
Entretanto, moradores de Capitán Bado passam pelos bloqueios para fazer compras e passear do lado brasileiro. Nesta segunda-feira (30), paraguaios em uma caminhonete cruzaram a Linha Internacional para comprar frutas e verduras de uma carreta estacionada na Praça da Bandeira, do lado brasileiro. A negociação foi feita na frente dos militares paraguaios, que nada fizeram.
“Os brasileiros não podem entrar no Paraguai, mas os paraguaios podem entrar no Brasil e ainda fazem contrabando a céu aberto, na frente dos militares”, afirmou morador de Coronel Sapucaia.
“O caminhão de frutas e verduras vem de fora, para na fronteira e o pessoal vem do outro lado para comprar e levar para o Paraguai. O Paraguai fechou, mas só para os brasileiros”, reclamou o cidadão sul-mato-grossense. Segundo ele, a situação ocorre quase todos os dias.