Em meio à pandemia, paraguaios perdem emprego no exterior e tentam voltar
Pelo menos 400 paraguaios, a maioria que trabalhava no Brasil, querem voltar ao país, com fronteiras fechadas até domingo
Pelo menos 400 cidadãos paraguaios que perderam o emprego no exterior querem voltar para casa, mas não conseguem entrar no país. Por causa da pandemia do novo coronavírus, o Paraguai está em quarentena total e com fronteiras, portos e aeroportos fechados até domingo (29).
Em entrevista nesta quarta-feira (25) à rádio 730 AM, o diretor de assuntos consulares Juan Ignacio Livieres disse que o governo tenta deixar esses cidadãos paraguaios de quarenta onde estão. Se essa medida não for possível, disse que os trabalhadores serão repatriados, mas ficarão isolados em quarentena, para evitar disseminação do vírus.
Até ontem o Paraguai tinha 37 casos confirmados e três mortes por Covid-19, mas autoridades sanitárias acreditam que esses números são subestimados e que na realidade o total se aproxima dos 300 casos.
“Muitos compatriotas não entendem que forçar esse retorno é prejudicar seus parentes. Nunca tivemos uma situação de paraguaios bloqueada lá fora. Estamos fazendo o que é humanamente possível”, afirmou Juan Livieres.
Segundo ele, o Consulado do Paraguai em Miami nos Estados Unidos já resgatou cinco cidadãos paraguaios que estavam sem dinheiro até para comer. Na fronteira com o Paraná, o governo paraguaio alugou dois hotéis em Foz do Iguaçu (PR) para alojar paraguaios impedidos de voltar pela Ponte da Amizade. Pelo menos 76 já estão alojados.
“Enquanto não tivermos instalações para garantir o isolamento daqueles que vêm de países de alto risco, a instrução é proteger os 7 milhões de paraguaios que estão no país”, afirmou Livieres.
Hoje, o jornal Última Hora publicou que dez paraguaios impedidos de voltar ao país pela Ponte da Amizade estão em um galpão da Aduana paraguaia. Eles tentaram regressar ao país na noite de ontem, mas foram impedidos pelos militares que controlam a ponte. São nove homens e uma mulher.
Nas cidades paraguaias que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul, principalmente Pedro Juan Caballero, Bella Vista, Capitán Bado, Pindoty Porã, Ipejhú e Salto del Guairá, a fronteira também está fechada e ninguém entra, nem mesmo os paraguaios. Não há informações sobre cidadãos paraguaios desalojados do lado brasileiro, esperando para voltar para casa. Moradores da região afirmam que devido à extensa fronteira seca, sempre se dá "um jeitinho" de cruzar, mesmo com as barreiras policiais.