Audiências de ação contra ex-secretário preso há 3 meses começam dia 10
Serão ouvidas 48 testemunhas de acusação e de defesa de Renato Vidigal e outros quatro réus no âmbito da Operação Purificação
Começam no dia 10 deste mês as audiências para depoimento de testemunhas de acusação e defesa dos cinco réus no âmbito da Operação Purificação, desencadeada há quase um ano para investigar suposto esquema de desvio de dinheiro público na Secretaria de Saúde de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.
Apontado como chefe do esquema, o ex-secretário de Saúde Renato Vidigal está preso desde o dia 6 de novembro, na segunda fase da operação. Também está preso o sócio dele e ex-diretor financeiro da secretaria, Raphael Henrique Torraca Augusto. Os dois estão na PED (Penitenciária Estadual de Dourados).
Os outros réus são Ronaldo Gonzales Menezes, “testa-de ferro” na empresa que fornecia refeições para a Secretaria de Saúde, e as ex-funcionárias da pasta, Dayane Jaqueline Foscarini Winck e Sandra Regina Soares Mazarim, mulher de Raphael.
Serão ouvidas 48 testemunhas, arroladas pelos advogados de defesa e pelo Ministério Público. No dia 10, depõem oito pessoas, entre elas o delegado da Polícia Federal que conduziu as investigações.
No dia 11 serão ouvidas seis testemunhas, no dia 12 mais oito, dez no dia 14, oito no dia 17 e mais oito no dia 18. Entre as pessoas arroladas pela defesa estão funcionários da saúde municipal, parentes e amigos dos réus.
Renato Vidigal, Raphael Agusto, Ronaldo, Dayane e Sandra serão interrogados no dia 19 deste mês. As audiências serão na sede da Justiça Federal, na Rua Ponta Porã.
Ronaldo Menezes fez acordo de delação premiada e atuou como infiltrado na investigação que levou à prisão de Vidigal e Raphael, em novembro. Os advogados de defesa dos demais réus tentaram anular a denúncia alegando que o infiltrado fez gravações clandestinas, mas o argumento foi rejeitado pela Justiça Federal.
TRF nega habeas corpus – No dia 30 de janeiro, o TRF (Tribunal Regional Federal) negou habeas corpus a Renato Vidigal. Por 2 votos a 1, a 11ª turma decidiu que o médico deve continuar preso. Dos três desembargadores federais, só José Lunardelli foi a favor da liberdade.
O relator do caso, Fausto De Sanctis, que no dia 26 de novembro havia negado liminar para a soltura do ex-secretário, manteve voto contra a liberdade e foi seguido pelo desembargador Nino Toldo.
Vidigal foi secretário de Saúde de janeiro de 2017 a janeiro de 2019. Ele está preso acusado de desvio de pelo menos R$ 530 mil de verba da saúde através da empresa Marmiquente, que fornecia alimentação para a Funsaud. (Fundação de Serviços de Saúde).
No dia 11 de dezembro, agentes da PED encontraram um celular na cela onde o ex-secretário cumpre prisão preventiva. O aparelho estava escondido entre as roupas dele, em uma caixa de papelão. Após o flagrante o celular foi encaminhado para ser periciado pela PF (Polícia Federal) e Vidigal passou dez dias na cela disciplinar.
Na véspera do Natal ele foi levado para a cela 89 do raio I, conhecido como “raio dos trabalhadores”. Nesse setor, os presos ficam soltos durante todo dia e trabalhando pelos corredores da penitenciaria. O raio I tem pelo menos 750 presos. Antes de ser flagrado com celular, o médico estava no setor conhecido como “capela”, sozinho em uma sala.