Com ameaça de greve, alunos podem terminar ano letivo só em 2015
Está mantida para começar no dia 4 de novembro, próxima terça-feira, mais uma greve de professores da Rede Municipal de Ensino de Dourados, a 233 km de Campo Grande. A decisão foi tomada no dia 22 deste mês.
O sindicato da categoria justifica a medida afirmando que a prefeitura ainda não apresentou os projetos de lei para implantar o piso nacional para 20 horas de trabalho e a inclusão dos administrativos no PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração) da educação.
Já a Secretaria de Educação informa que não tem como assumir o compromisso do piso sem uma fonte de recursos e quer vincular o benefício aos royalties do pré-sal. Sobre a outra reivindicação, a prefeitura quer antes ouvir a opinião de todos os servidores administrativos.
Se a paralisação acontecer de fato, o ano letivo dos 27 mil alunos de escolas e centros de educação infantil de Dourados só vai terminar em janeiro de 2015. A secretária municipal de Educação Marinisa Mizoguchi informou que parte das férias do final de ano já está comprometida, porque os professores que aderiram à greve de 12 dias ocorrida entre julho e agosto ainda precisam repor os dias parados.
Mesmo com as negociações em andamento com a secretária de Educação e com representantes de outras secretarias municipais, a diretoria do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação) insiste em conseguir marcar uma audiência para conversar diretamente com o prefeito Murilo Zauith (PSB). Novo pedido foi protocolado ontem no gabinete do prefeito.
“O que está em jogo neste momento é a grande possibilidade da greve suspensa em julho reiniciar no próximo dia 4, gerando prejuízo para a sociedade e para os trabalhadores em educação. A direção do Simted insiste em um diálogo, pois a falta dele desfavorece a sociedade como um todo, tornando cada vez mais inevitável a paralisação já anunciada”, afirma a assessoria de imprensa do sindicato.
O presidente do Simted, João Vanderley Azevedo, afirma que o prazo para a prefeitura oficializar as propostas através de projeto de lei à Câmara de Vereadores terminou no dia 15 de outubro. Ele afirma que a greve só será cancelada se o prefeito Murilo Zauith (PSB) negociar diretamente com o movimento.
Sobre o piso nacional para 20 horas, o Simted quer que a prefeitura encaminhe um projeto para a Câmara de Vereadores criando uma lei para atender a reivindicação de forma escalonada, até chegar ao valor total nos próximos cinco anos.
Marinisa Mizoguchi afirma que a reivindicação significa dobrar o salário dos professores e a prefeitura não pode fazer esse compromisso sem ter de onde tirar os recursos. “Só a folha da educação chega a R$ 11 milhões. Dourados recebe R$ 7 milhões do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] e a prefeitura investe R$ 4 milhões de recursos próprios para pagar a folha todos os meses”.
Ela critica também a decisão do sindicato de ameaçar uma nova greve. “As negociações nunca foram suspensas entre nós e os três representantes do sindicato. Vamos tomar providências com a direção das escolas e com os professores contrários à greve para impedir prejuízo aos alunos”, afirmou Marinisa.