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Interior

Cunhado e chefe de segurança são procurados por assassinato de “Aguacate”

Os dois homens eram da confiança da vítima e armaram emboscada para matar pistoleiro, no dia 15

Helio de Freitas, de Dourados | 26/06/2023 16:35
Chefe da segurança (à esquerda) e o cunhado, procurados pelo assassinato de “Aguacate” (Foto: Divulgação)
Chefe da segurança (à esquerda) e o cunhado, procurados pelo assassinato de “Aguacate” (Foto: Divulgação)

Dois homens que faziam parte do círculo mais íntimo de convivência de Marcio Ariel Sánchez Giménez, 35, estão sendo procurados pela Polícia Nacional do Paraguai como autores do assassinato do bandido, ocorrido no dia 15 deste mês na fronteira com Mato Grosso do Sul.

“Aguacate”, como era conhecido, comandava o principal escritório de matadores de aluguel em atividade na linha internacional e operava principalmente a serviço de narcotraficantes e facções criminosas brasileiras.

Ex-chefe de segurança do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani (morto em 15 de junho de 2016), ele foi executado com 33 tiros de pistola 9 milímetros e o corpo foi jogado no meio da rua em Pedro Juan Caballero, cidade separada por uma rua de Ponta Porã (MS).

Sabino Ramón Vargas, 40, o “Guavirú”, e Fabio Ramón Benítez Gauto, 37, o “Master”, tiveram as prisões decretadas pela Fiscalía (Ministério Público). Pela lei paraguaia, promotores de Justiça têm poder para expedir mandados de prisão.

Sabino é um dos cunhados de “Aguacate”. É irmão mais velho de Gudelia Vargas Armoa, mulher de Marcio Sánchez (ela está presa há um ano). Na semana passada, a polícia da fronteira já o apontava como um dos suspeitos. Fabio Gauto era o chefe do grupo de guarda-costas que protegia a vida de “Aguacate”.

Oficialmente na lista de procurados da polícia paraguaia, “Aguacate” circulava livremente pela fronteira em caminhonetes blindadas, sempre protegido por grupo bem fortemente armado.

Segundo a promotora de Justiça María Mirtha Martínez de Benítez, o chefe de segurança e o cunhado bebiam com Marcio Sánchez entre 20h30 e 22h do dia 15 e depois não foram mais vistos. Por isso, passaram a ser tratados como os principais suspeitos de serem os autores materiais da execução.

Dias antes de ser executado, “Aguacate” havia ameaçado outros bandidos da fronteira em áudio enviado pelo aplicativo WhatsApp. "Posso amanhecer na frente da sua casa, você pode me ver no amanhecer e o que vão fazer? Vocês não são bandidos. São principiantes”, afirmou, em guarani.

Projéteis e cartuchos deflagrados na cena da execução de "Aguacate" (Foto: ABC Color)
Projéteis e cartuchos deflagrados na cena da execução de "Aguacate" (Foto: ABC Color)

Churrasco e cerveja – Conforme a investigação da Polícia Nacional, antes de ser morto a tiros de pistola 9 milímetros, “Aguacate” participou com o cunhado e com seu funcionário de confiança de um churrasco regado a cerveja Conti – marca bastante conhecida na fronteira. Ele teria sido dominado quando estava em frente à churrasqueira.

O esconderijo do pistoleiro ficava no piso superior de um prédio de salas comerciais, no cruzamento das ruas Manuel Domínguez e Carlos Antonio López, a 200 metros da linha que separa Pedro Juan de Ponta Porã.

Em entrevista à imprensa do Paraguai, a promotora disse que “Aguacate” morava no local desde julho do ano passado e pagava 1.200 dólares de aluguel por mês.

O apartamento foi locado em nome de Wilson Pérez Centurión, 32, um dos secretários do pistoleiro e que também está sendo procurado. Inicialmente, a Polícia Nacional havia informado que o imóvel teria sido alugado em nome do cunhado, versão desmentida depois.

Com dinheiro da pistolagem, “Aguacate” havia amealhado patrimônio milionário na fronteira, entre empresas, imóveis urbanos e propriedades rurais (todos já confiscados pelo governo). Entretanto, como era procurado pela Justiça e estava na mira dos inimigos, vivia escondido num apartamento modesto.

O laudo da balística revelou que os 33 tiros encontrados no corpo de Marcio Sánchez saíram de duas pistolas calibre 9 milímetros. No apartamento foram encontrados 34 cartuchos deflagrados, indicando que um dos tiros não atingiu o alvo.

A polícia e o Ministério Público ainda não sabem se foram “Guavirú” e “Master” que dispararam os tiros. Também não está claro se ele foi morto durante briga causada pelo consumo de álcool ou se a execução foi encomenda.

Segundo fontes da fronteira, após servir aos interesses dos traficantes e outros mafiosos da linha internacional, Marcio Sánchez passou a ser considerado “peso morto” por constantemente atrair a atenção da polícia – fato que atrapalha os negócios ilegais.

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