Em meio a onda de violência, moradores de Ypejhú saem em defesa de comissário
Acusado de receber propina no narcotráfico, Gervasio Jara nega subornos e tem seu nome apoiado por políticos e moradores da cidade vizinha a Paranhos
Autoridades, empresários e moradores da cidade paraguaia de Ypejhú, conurbada com Paranhos –a 469 km de Campo Grande–, mobilizam-se para pleitear junto ao governo do país vizinho a manutenção do comissário Gervasio Lara como chefe da delegacia de polícia local. O apelo ocorre em meio a uma onda de violência e insegurança, que envolve ataques a veículos, ameaças e até mesmo um atentado a bomba que destruiu a residência de um suspeito de comandar o tráfico na fronteira entre Brasil e Paraguai.
O prefeito Emigdio Morel Verón comandou no sábado uma reunião com a comunidade para apoiar a nomeação de Jara, que chegou na quinta-feira (27) como novo chefe da delegacia, em substituição a Sebastião Moreno.
A troca foi ordenada pelo comandante Walter Gregorio Vazquez, e ocorreu depois que cerca de 60 criminosos, possivelmente ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), tomaram Ypejhú por cerca de uma hora na manhã de 19 de dezembro. Durante a ação, atacaram a mansão de Diego Zacarias Alderete com explosivos e tiros.
Alderete é apontado como líder do tráfico naquela região e o ataque seria parte de uma guerra pelo controle da prática criminosa.
Após a substituição, de acordo com reportagem do jornal ABC Color, surgiram denúncias contra Jara –citado como integrante de uma lista de propinas comandada por uma rede de narcotraficantes investigada pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) em Salto del Guairá –cidade também vizinha a Mato Grosso do Sul, ao lado de Mundo Novo.
Depois que o caso veio à tona, Vazquez recuou na nomeação de Jara. Porém, antes de oficializar a troca, autoridades de Ypejhú saíram em apoio ao comissário, que por seis anos comandou a segurança na região e que têm a confiança da comunidade. Eles também defenderam o histórico do comissão que, em seu currículo, inclui confronto com traficantes e participação na prisão de Flávio Riveros, um dos acusados de participar do assassinato do jornalista Pablo Medina, do ABC.
Questionado, Jara também negou as acusações: disse nunca ter recebido subornos do narcotráfico e contesta a inclusão de seu nome na relação de beneficiários de propinas.