Empresa usava “laranjas” para fornecer armas ao PCC e Comando Vermelho
Fuzis e pistolas vinham de países do leste europeu e do Paraguai e eram enviados ao Brasil
Alvo da Operação Dakovo, a organização criminosa que atuava no tráfico internacional de armas usava empresas de fachada e “laranjas” para enviar fuzis e pistolas automáticas às facções criminosas brasileiras PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho.
Todo o esquema girava em torno da empresa paraguaia IAS (Internacional Auto Suply), de propriedade do argentino Diego Dirisio e da mulher dele, a ex-modelo Julieta Nardi. Os fugiram antes da chegada das equipes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), na madrugada de terça-feira (5). Há suspeita de que foram alertados por policiais ligados ao esquema.
Na denúncia apresentada ontem, os promotores de Justiça Fabiola Molas, Francisco Cabrera e Diego Arzamendia citam que as armas eram importadas legalmente pela IAS de países do leste europeu.
No Paraguai, com apoio de agentes da Dimabel (órgão do governo que controla o comércio de armas no país vizinho), as armas tinham na numeração raspada e eram destinadas às facções brasileiras. Mas, nos arquivos da Dimabel, os compradores que apareciam eram pessoas físicas que emprestavam os nomes à organização para as vendas simuladas.
As armas entravam em território brasileiro pela Ponte da Amizade, e pela fronteira seca com Mato Grosso do Sul. Carregamentos destinados às facções foram apreendidos em MS, mas foi uma apreensão no interior da Bahia que deu início às investigações.
Nesta quarta-feira (6), outro alvo da operação, Rodolfo Rodrigo Samaniego Lezcano, se entregou à Senad. Ele trabalhava como vendedor da IAS e negociava as armas diretamente com as facções brasileiras.
Ontem, o MP paraguaio informou que a Justiça brasileira solicitou a extradição de dez cidadãos paraguaios presos no âmbito da Operação Dakovo. Entre eles estão duas mulheres, integrantes das Forças Armadas do país vizinho.
Dakovo é uma cidade de 28 mil habitantes localizada a 240 km de Zagrebe, a capital da Croácia. Era de lá que vinha parte do armamento importado pela IAS. Entretanto, a empresa também comprava de fornecedores de outros países europeus.
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