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Interior

Erosões de 2022 seguem ameaçando e deputados reconhecem calamidade em Ivinhema

Relatório da Defesa Civil aponta que boçorocas afetam o meio ambiente e a qualidade de vida da população

Jhefferson Gamarra | 13/09/2023 17:07
Vista aérea de uma das crateras abertas ao lado do cemitério em 2022 (Foto: Divulgação/Prefeitura)
Vista aérea de uma das crateras abertas ao lado do cemitério em 2022 (Foto: Divulgação/Prefeitura)

Após mais de um ano de luta contra os impactos das enormes erosões que assolaram o município de Ivinhema em 2022, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul reconheceu, nesta quarta-feira (13), a ocorrência do estado de calamidade pública na região. O reconhecimento veio após um pedido encaminhado pela prefeitura, que destacou a urgência de apoio estadual para enfrentar a situação crítica.

As erosões, conhecidas como boçorocas, originadas durante fortes chuvas em abril do ano passado, têm causado estragos significativos em toda a área, afetando não apenas o meio ambiente, mas também a qualidade de vida dos moradores. Os impactos incluem o assoreamento dos córregos Andorinha, Ponta Porã, Água Azul e Piravevê, o risco iminente para residências no entorno das “voçorocas” e até mesmo a preocupação com o cemitério municipal, cujas estruturas foram comprometidas pelo avanço das erosões.

De acordo com o relatório emitido pela Defesa Civil do município na última semana, a situação se tornou alarmante, envolvendo questões ambientais, uma vez que as crateras estão sendo usadas de maneira inadequada para o descarte de lixo por uma parte significativa da população, se tornando o local atrativo para a proliferação de insetos e pequenos roedores, além da liberação de odores da decomposição de resíduos sólidos e entulhos.

Foto de uma das crateras anexada no relatório da Defesa Civil (Foto: Reprodução)
Foto de uma das crateras anexada no relatório da Defesa Civil (Foto: Reprodução)

Ainda segundo o relatório, a região enfrenta um sério problema relacionado ao uso de água contaminada, que flui da erosão, para consumo humano e animal. Essa água entra em contato direto com resíduos sólidos, rejeitos e água das chuvas da parte alta da cidade, representando um risco direto para a saúde da população. Além disso, na área afetada pela erosão, criadores de animais mantêm suínos, bovinos, equinos e aves que consomem alimentos e água contaminados, aumentando ainda mais o risco de saúde ao consumir a carne desses animais.

O processo erosivo é claramente visível na formação de boçorocas, afetando os córregos Andorinha e Ponta Porã. Essas boçorocas têm aproximadamente 1,3 e 2,5 quilômetros de extensão, variando de 10 a 100 metros de largura e, em alguns pontos, atingindo profundidades de até 30 metros. A boçoroca do Córrego Andorinha começa nos limites dos bairros Água Azul e Vitória, estendendo-se ao longo do Bairro Triguenă e da área rural. Já a boçoroca do Córrego Ponta Porã inicia-se nos limites da Rodovia BR-376 e se estende até o final do Bairro Itapoã, afetando também a área rural e assoreando os córregos Azul e Piravêve.

Embora a prefeitura tenha tomado medidas para conter o processo erosivo instalando galerias de captação d'água na cabeceira das boçorocas, as boçorocas continuaram se expandindo, especialmente no Bairro Triguena, onde apresenta o maior grau de erosão.

"Buracão" aberto com as chuvas e que está sendo usado para descarte de lixo (Foto: Divulgação/Prefeitura)
"Buracão" aberto com as chuvas e que está sendo usado para descarte de lixo (Foto: Divulgação/Prefeitura)

Diante da incapacidade de arcar com os recursos técnicos e financeiros necessários para solucionar os problemas de uma vez por todas, a Prefeitura de Ivinhema havia encaminhado um ofício à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul solicitando o reconhecimento do estado de calamidade pública, a fim de obter apoio financeiro e técnico para lidar com a situação. Hoje, a Assembleia, em uma votação unânime, acatou o pedido e concedeu o reconhecimento de calamidade pública ao município.

Com a decisão, Ivinhema poderá ter acesso a recursos estaduais e federais para enfrentar os desafios relacionados às erosões e seus impactos. O reconhecimento de calamidade pública permanecerá em vigor enquanto a situação que ensejou o decreto de calamidade pública persistir, com um período máximo de 180 dias.

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