Grupo paraguaio "escravizado" em fazenda tinha adolescentes de 15 anos
Trabalhadores estavam atuando em propriedade rural onde foi constatado crime ambiental
Grupo de 15 paraguaios, entre eles menores de idade, foi resgatado de propriedade rural em Nioaque, município a 179 quilômetros de Campo Grande. No lugar, foi constatada a manutenção dessas pessoas em condição análoga à de trabalho escravo, vivendo em um mangueiro para bovinos. Entre eles, o mais jovem tinha 15 anos.
Na fazenda, foi descoberta ainda a retirada ilegal de madeira, que foi queimada e enterrada sob valas.
O gerente da área, Valdecir Rossi, acabou sendo preso com uma arma irregular, ao ser abordado na chegada de autoridades ao local para conferir a situação. Estava com um revolver 38 para o qual não tem autorização de porte.
Agora, a investigação vai apurar a responsabilidade pelos dois crimes, em esferas diferentes. A Polícia Civil vai cuidar do inquérito sobre o crime ambiental e a Polícia Federal sobre o trabalho escravo.
Vídeos divulgados - Força-tarefa foi à área depois da divulgação de vídeos em que trabalhador que operava a máquina pesada chegava a citar o nome do governador Reinaldo Azambuja como responsável por autorizar a retirada ilegal de madeira, que era incendiada e enterrada.
Ele foi localizado e identificado como Danielson de Aguiar Oliveira, 34 anos. Admitiu a autoria dos vídeos, e detalhou como foi enterrada a madeira. Disse ter citado o governador por ficar indignado com a situação. Um dos vídeos, afirmou, foi feito um mês atrás e o outro uma semana atrás.
À polícia, Danielson citou que os contratantes do serviço irregular eram os arrendatários Wanderley Rodrigues da Costa e Wanilton Rodrigues da Costa, que são irmãos. Ontem, ambos não foram localizados.
Segundo consta do boletim de ocorrência, a área em questão fica na divisa entre duas propriedades, as fazendas Salto e Morro Azul e que se tratavam dos mesmos arrendatários responsáveis pela fazenda Vaticano.
Diante de dois tipos de crimes, o MPT (Ministério Público do Trabalho) e o MPMS enviaram equipes à região. Os trabalhadores foram resgatados e todo o tramite para regularizar a situação deles estava em andamento hoje.
Versão dos acusados – Em nota enviada por e-mail ao Campo Grande News, a defesa dos dois citados como arrendatários disse que não são eles os responsáveis legais pela fazenda onde houve o desmatamento. O texto diz que eles são irmãos da responsável, identificada como Maisa Rodrigues da Costa.
A defesa dos acusados diz que o serviço prestado na fazenda foi terceirizado e que o responsável é Serafin Gonçalves da Silva, que não foi localizado pela reportagem.