Guerrilheiros paraguaios espalham terror e atacam outra fazenda na fronteira
Animais foram mortos e reservatórios de água perfurados a tiros em Paso Barreto, a 140 km de MS
Outra fazenda foi atacada por guerrilheiros na faixa de fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul. Grupos terroristas atuam há pelo menos 12 anos em áreas rurais dos Departamentos (equivalentes a Estados) de Concepción, San Pedro e Amambay. Inimigos do governo, eles são responsáveis por assaltos, sequestros e assassinatos de policiais, comerciantes e fazendeiros.
Desta vez o ataque ocorreu na fazenda Diamante, em Paso Barreto, distrito pertencente ao Departamento de Concepción, a 140 quilômetros de Ponta Porã (MS). Pelo menos dois homens armados invadiram a propriedade, abaterem bois e cavalos com disparos de fuzil e explodiram reservatórios de água a tiros.
A fazenda pertence ao ex-presidente da Associação Rural do Paraguai, Luis Villasanti. Segundo um peão que mora com a família na fazenda, os atiradores se identificaram como membros do Exército do Povo, grupo integrante da ACA (Agrupación Campesina Armada).
Os guerrilheiros exigiram que a carne dos animais abatidos fosse distribuída a moradores pobres de Paso Barreto. Eles também ameaçaram novos ataques caso a propriedade continue usando tratores para cultivar a terra.
Equipes da FTC (Força-Tarefa Conjunta) chegaram nesta sexta-feira (23) ao local e recolheram cápsulas deflagradas de fuzil calibre 7,62. O ataque ocorreu em uma parte da fazenda que fica a 7 quilômetros da sede.
Segundo a FTC – grupo formado por homens das forças armadas paraguaias para enfrentar os guerrilheiros – o Exército do Povo representa nova formação da ACA, extinta há alguns anos após seus dois principais líderes serem mortos em confronto com os militares.
Este é o segundo ataque ocorrido nesta semana e assumido pela nova formação da ACA. Na noite de domingo (18), outra fazenda foi atacada em Horqueta, também no Departamento de Concepción.
Três guerrilheiros armados invadiram a fazenda Reunida, de propriedade do brasileiro Marcos López, mandaram os funcionários retirarem os pertences das casas e deixar apenas bens do patrão e depois colocaram fogo nas moradias e máquinas agrícolas.
ACA e EPP – A Agrupación Campesina Armada é um grupo de guerrilheiros de extrema esquerda e foi fundada em 2014 depois de dissidência do EPP (Exército do Povo Paraguaio), outro grupo marxista de insurgência no Paraguai e responsável por ataques e sequestros nos mesmos departamentos onde a ACA ressurgiu.
Atualmente, o presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez enfrenta fortes protestos, principalmente de pequenos agricultores revoltados com os baixos preços de alimentos devido à concorrência com produtores de países vizinhos. Para analistas políticos, a crise fortalece os grupos terroristas.