Índios agrediram e jogaram gasolina em policiais reféns, dizem bombeiros
Os bombeiros que resgataram três policiais feitos reféns na última terça-feira (14) disseram que precisaram negociar o atendimento aos indígenas pelas vida dos colegas, para conseguir resgatá-los da fazenda Ivu, nos arredores da aldeia Tey Kuê, em Caarapó. O município fica a 283 quilômtros de Campo Grande, e os policiais foram feitos reféns durante a ocupação de índios no local, que já dura seis dias.
Em entrevista ao site Dourados News, o comandante da viatura de resgate, soldado Elton Oliveira dos Santos e os soldados Lucimar Maciel Piveta e Johnny Pereira Grubert contaram que foi acionada a equipe para atender uma ocorrência, com a informação de que naquela área da cidade havia índios baleados.
Quando estavam chegando ao local que hoje é a área de conflito, dois carros vinham em direção contrária e deram sinal para a viatura. Cada um dos veículos tinha um índio ferido, e os dois foram levados pelos bombeiros ao Hospital da cidade.
Ainda segundo relato dos soldados, eles receberam informação de que teriam que voltar porque havia mais feridos. Passaram então já na área de tensão, por uma barreira com pelo menos 30 indígenas e falaram que estavam em salvamento. Ao entenderem que era isso, os índios então teriam os deixado passar pelo bloqueio.
Poucos quilômetros depois, uma segunda "barreira" feita por índios armados, também ‘parou’ a viatura dos bombeiros. Nessa, eles encontraram os policiais militares, que pediam socorro.
Eles eram acompanhados por outra viatura do Corpo de Bombeiros, onde estavam o sargento Jair Cuevas, sargento Olício Lemes e o cabo identificado como Marcel. Este veículo ficou no local, e a viatura de resgate com Elton voltou para a barreira em que estavam os policiais sequestrados.
Gasolina nos reféns - Os bombeiros relatam que quando retornaram ao local, a situação dos policiais havia piorado. Estavam com o rosto pintado de preto, os índios gritavam e os agrediam. Também contaram que viram o momento em que os índios jogaram gasolina no corpo dos policiais e do caminhoneiro. Dois policiais estavam algemados juntos e um terceiro algemado com o motorista do caminhão.
Os militares bombeiros contam que agiram usando o diálogo para negociar. Elton desceu da viatura e conta que tentou manter-se o mais tranquilo possível para negociar com os índios a libertação dos reféns. "Já estou salvando [os índios], não faz mal para eles [PMs e motorista], não", era o argumento que Elton usava.
Os soldados foram colocando então no resgate os policiais mesmo algemados, mas num momento eles insistiam que só os deixariam ir se o motorista do caminhão ficasse. Os índios teriam inclusive batido novamente no motorista antes de ir para a viatura. "Eu falei que não podia deixar o motorista ali, que levaria todos. Num momento ali bem rápido, nós já fechamos a viatura, eu subi e fui indo embora", conta. Elton ainda relata que esse não foi o momento mais tenso.
Os bombeiros contaram que precisaram mentir e esconder os policiais, para que fossem autorizados a passar por todas as barreiras. "Eu olhei bem no olho dele e disse ‘índio ferido’. Ele me perguntou umas três vezes. Tive que mentir e ser firme com ele. Se descobrissem que estava levando os policiais, algemados, todos sem arma, era possível que ficássemos todos ali também", disse.
Os policiais militares foram levados até o Batalhão da PM em Caarapó para retirar as algemas, depois conduzidos pelos bombeiros ao hospital da cidade.
- Com informações Dourados News