Irmão de executado é sócio de casa de câmbio ligada ao tráfico
Governo descarta ligação e diz que Cristóbal Rojas não era vinculado à Zafra Câmbios
O irmão do empresário paraguaio Cristóbal Rojas, o “Nenê”, sequestrado, torturado e executado a tiros na fronteira com Mato Grosso do Sul, é um dos acionistas da Zafra Câmbios, localizada em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS).
A empresa é investigada no âmbito da Operação Status, desencadeada semana passada no Brasil e Paraguai para desmantelar a lavagem de dinheiro do tráfico de cocaína.
Entretanto, o governo paraguaio descarta incluir essa coincidência como uma das causas prováveis para a execução. Em entrevista hoje, o ministro da Secretaria de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, Carlos Arregui, disse que Cristóbal nunca teve ligação com a Zafra.
Segundo ele, o irmão do empresário de fato é acionista da casa de câmbios, mas não figura entre os investigados por ligação com o clã Morinigo, desmantelado na operação da semana passada.
Carlos Arregui disse que a vinculação da morte à investigação só serve para desviar o foco do verdadeiro motivo e dos autores e mandantes do assassinato. “Não acredito que queiram atribuir a ele essas questões de lavagem. Quem é que sairia de bicicleta pela cidade? Aquele que não deve nada teme”, afirmou.
O corpo de Cristóbal foi encontrado na manhã de hoje ao lado de uma estrada de terra, a 8 km da margem do Rio Paraná.
“Dom Nenê”, como era conhecido, tinha 57 anos de idade e era dono de um dos mais importantes shoppings de importados de Salto del Guairá, cidade vizinha de Mundo Novo (MS), a 476 km de Campo Grande.
O filho de Cristóbal foi assassinado em 2013 anos ao sair de casa com o carro do pai. O alvo seria o empresário, mas o crime nunca foi esclarecido pela polícia paraguaia. Ontem à tarde, o empresário visitava o túmulo do filho, no cemitério de Salto del Guairá, quando foi levado por homens armados.
Na madrugada de hoje, a esposa de Cristóbal procurou a polícia para denunciar o desaparecimento. A caminhonete dele, uma Toyota Hilux branca, foi encontrada na mesma região onde estava o corpo.
De acordo com o promotor Christian Bartomeu, que acompanha as investigações, sinais verificados pelos peritos e pelo médico forense indicam que o empresário tentou se defender dos sequestradores. O celular e outros pertences foram encontrados no cemitério.
Os peritos também constataram que a morte ocorreu entre a noite de ontem e a madrugada de hoje. Ele estava com as mãos algemadas e com tiros por todo o corpo. A família alegou não saber de ameaças.
Segundo o promotor, Cristóbal era uma pessoa muito conhecida e querida em Salto del Guairá, cidade no Departamento (equivalente a Estado) de Canindeyú.