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Cidades

Núcleo de quadrilha alvo da PF tem 12 pessoas, incluindo garagista preso em MS

Slane Chagas, dono da JV Motors, também já foi diretor da Classe A, que funcionava em Campo Grande e foi fechada

Marta Ferreira | 11/09/2020 14:55
Policiais federais na JV Motors, garagem de veículos de luxo que, segundo as investigações, servia de fachada para lavar dinheiro. (Foto: )
Policiais federais na JV Motors, garagem de veículos de luxo que, segundo as investigações, servia de fachada para lavar dinheiro. (Foto: )


A quadrilha especializada em tráfico de drogas alvo da operação “Status”, desenvolvida pela Polícia Federal nesta sexta-feira (11) em conjunto com autoridades do Paraguai, tinha núcleo de comando com funções bem definidas, como ocorre em organizações criminosas. Em resumo, o grupo criminoso simula estrutura de empresa legal, com "departamentos", para gerenciar negócios fora da lei em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

Houve ações em todos esses estados para derrubar o esquema criminoso. Só em bens, foram sequestrados R$ 230 milhões.

O organograma descrito pela PF tem 12 pessoas, cujo topo é ocupado por Emídio Morinigo Ximenes e os filhos Jefferson Garcia Morinigo e Kleber Garcia Morinigo, que já moraram em Campo Grande e haviam se mudado para o Paraguai.

No nível abaixo, a PF colocou 8 pessoas que davam suporte à quadrilha, principalmente na ocultação de bens e lavagem de dinheiro, com “departamentos específicos”.

Um deles era o de garagens de automóveis de luxo. Eram duas, uma JV Motors, na Rua Brilhante, em Campo Grande, cujo proprietário, Slane Chagas, foi preso. No esquema retratado, aparece outra pessoa ligada à empresa, ainda não identificada.

 Slane é ex-diretor da Classe A Motors, que já teve unidade em Campo Grande, também com automóveis de alto padrão expostos, na Avenida Fernando Correia da Costa e agora funcionava em Cuiabá. Na capital do  Mato Grosso, o proprietário da empresa, Tairone Conde, também acabou na cadeia na operação.

As apurações policiais indicam que a Classe A que existiu em Campo Grande teve a razão social alterada e passou, legalmente, a ser uma construtora, também de fachada.

Outros setores – Além dos donos das garagens de veículos,  usadas para lavar dinheiro do crime, havia uma mulher, esposa de Tairone, responsável pela propriedade de luxo no Lago do Manso, em Cuiabá, registrada como resort mas que só era usada pela família,  um administrador de fazendas em Barra do Garças, também em MT, e o dono de uma casa de câmbio em Pedro Juan Cabalero, fronteiriça a Ponta Porã (MS), cidade onde também era mantida uma barbearia pela quadrilha, com uma laranja.

 A Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai, responsável pelas ações no País vizinho, identificou o dono de casa de câmbio como Júlio Cesar Duarte Servian.

São relacionados ainda, uma arquiteta, que daria notas frias ao grupo ilegal, e um responsável por construção de imóveis de alto valor, entre eles mansões em Campo Grande. Entre os bens, é citada uma casa avaliada em R$ 1,2 milhão no Bairro Carandá Bosque.

Conforme apurado pela reportagem, os chefes da quadrilha, pai e filhos “Morinigo", moravam em Campo Grande até este ano e mudaram-se para o Paraguai, na tentativa de fugir de  eventual caçada policial, que aconteceu agora.

 Valores - No Brasil, foram sequestrados e apreendidos 42 imóveis, duas fazendas, 75 veículos, embarcações e aeronaves, cujos valores somados atingem R$ 80 milhões em patrimônio adquirido pelos líderes da organização criminosa. No Paraguai, estão sendo sequestrados dez imóveis, no valor de R$ 650 milhões.

Também foram emitidas 8 ordens de prisão e 42 mandados de busca e apreensão, pela 5ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande.

Núcleo de quadrilha com a divisão dos "departamentos". (Arte: Thiago Mendes)
Núcleo de quadrilha com a divisão dos "departamentos". (Arte: Thiago Mendes)


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