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Capital

Para identificar dinheiro de tráfico, Receita analisou 95 pessoas e empresas

As investigações começaram em 2018 e terminaram com o sequestro de R$ 230 milhões em bens

Geisy Garnes | 11/09/2020 16:45
Equipes da Polícia Federal em uma das garagem alvo da operação (Foto: Henrique Kawaminami)
Equipes da Polícia Federal em uma das garagem alvo da operação (Foto: Henrique Kawaminami)

A Receita Federal em Campo Grande analisou o patrimônio de 95 pessoas e empresas para chegar aos integrantes da quadrilha especializada em tráfico de drogas alvo da operação “Status”, realizada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (11). As investigações começaram em 2018 e terminaram com o sequestro de R$ 230 milhões em bens.

Conforme a polícia, o grupo criminoso simulava estrutura de empresa legal, para lavar o dinheiro do tráfico de cocaína em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo Henry Tamashiro de Oliveira, delegado adjunto da Receita Federal em Campo Grande, para chegar aos envolvidos no esquema e identificar os “laranjas” do grupo foi necessária uma análise complexa, já que “nem sempre o dinheiro obtido pelas organizações criminosas segue o caminho normal”.

Como exemplo, citou que um dos investigados pela equipe comprou bens no valor de R$ 2 milhões no período de um ano meio, sem rendimentos que justificassem. “São análises patrimoniais complexas e demoradas, envolvendo 95 pessoas, que são complementadas com as investigações da Polícia Federal”.

Nesta manhã, as equipes foram as ruas de cinco estados brasileiros e também do Paraguai, para cumprir oito mandados de prisão e 42 de busca e apreensão, além de ordens para o sequestro de bens que totalizam R$ 230 milhões.

No Brasil, foram sequestrados e apreendidos 42 imóveis, duas fazendas, 75 veículos, embarcações e aeronaves, cujos valores somados atingem R$ 80 milhões em patrimônio adquirido pelos líderes da organização criminosa. No Paraguai, estão sendo sequestrados dez imóveis, no valor de R$ 650 milhões.

Organização – Segundo as investigações, o grupo criminoso tinha núcleo de comando com funções bem definidas. O organograma descrito pela PF tem 12 pessoas. O topo é ocupado por Emídio Morinigo Ximenes e os filhos Jefferson Garcia Morinigo e Kleber Garcia Morinigo, que moraram em Campo Grande e se mudado para o Paraguai no início do ano, após uma carga de drogas ser apreendida pela polícia.

No nível abaixo, a PF colocou 8 pessoas que davam suporte à quadrilha, principalmente na ocultação de bens e lavagem de dinheiro, com “departamentos específicos”.

Um deles era o de garagens de automóveis de luxo. Eram duas, uma JV Motors, na Rua Brilhante, em Campo Grande, cujo proprietário, Slane Chagas, foi preso. No esquema retratado, aparece outra pessoa ligada à empresa, ainda não identificada.

Slane é ex-diretor da Classe A Motors, que já teve unidade em Campo Grande, também com automóveis de alto padrão expostos, na Avenida Fernando Correia da Costa e agora funcionava em Cuiabá. Na capital do  Mato Grosso, o proprietário da empresa, Tairone Conde, também acabou na cadeia na operação.

As apurações policiais indicam que a Classe A que existiu em Campo Grande teve a razão social alterada e passou, legalmente, a ser uma construtora, também de fachada.

Equipes de investigação durante coletiva de imprensa sobre o caso (Foto: Marcos Maluf)
Equipes de investigação durante coletiva de imprensa sobre o caso (Foto: Marcos Maluf)


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