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Interior

Julgamento de índios é retomado com depoimento de sobrevivente de chacina

Policial civil aposentado Emerson José Gadani fala desde 7h sobre ataque ocorrido em 2006; cinco índios estão sendo julgados

Helio de Freitas, de Dourados | 05/06/2019 10:02
Emerson Gadani (à direita) e o advogado Maurício Rasslan, que atua na acusação dos índios (Foto: Arquivo)
Emerson Gadani (à direita) e o advogado Maurício Rasslan, que atua na acusação dos índios (Foto: Arquivo)

Foi retomado às 7h (de MS) desta quarta-feira (5) o julgamento de cinco índios guarani-kaiowá acusados pela morte de dois policiais civis e de ferimentos em um terceiro, em 1º de abril de 2006. Conhecidos como “Chacina de Porto Cambira”, os crimes ocorreram em Dourados, a 233 km de Campo Grande, mas o júri acontece na sede do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo.

Há quase três horas, o único sobrevivente da chacina, o policial civil Emerson José Gadani, 46, é interrogado no tribunal do júri sobre o ataque que o deixou ferido e matou seus colegas Ronilson Magalhães Bartie, 36, e Rodrigo Lorenzatto, 26. Os dois foram mortos a facadas, pauladas e com tiros das próprias armas, tomadas pelos índios. Gadani foi ferido a golpes de faca e atualmente está aposentado.

Logo após o depoimento do sobrevivente, serão ouvidas as testemunhas de defesa. A previsão é de que o julgamento só termine na sexta-feira (7).

A defesa dos índios é feita por advogados da Funai e do Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Na acusação atuam um procurador da República representando o MPF (Ministério Público Federal) e o advogado douradense Maurício Nogueira Rasslan.

O julgamento chegou a ser iniciado ontem de manhã, mas foi suspenso a pedido de Maurício Rasslan, que entrou com recurso por não ter sido intimado para o júri. Em seguida o TRF o chamou para participar do júri a partir de hoje.

Os acusados, o cacique Carlito de Oliveira – uma das principais lideranças dos guarani-kaiowá da região sul de Mato Grosso do Sul – Ezequiel Valensuela, Jair Aquino Fernandes, Lindomar Brites de Oliveira e Paulino Lopes estão presentes no julgamento. Eles foram levados em um avião da Polícia Federal até a capital paulista.

A assistência da acusação tentou manter o julgamento em Dourados, mas em 2016, a pedido do próprio MPF (Ministério Público Federal), a 11ª Turma do TRF determinou a transferência para São Paulo. Em fevereiro de 2015, o procurador da República Manoel de Souza Mendes Junior alegou que a população de Mato Grosso do Sul está “impregnada de preconceitos” por causa das disputas entre fazendeiros e índios.

A chacina – Os três policiais foram mortos pelos índios do acampamento Passo Pirajú, perto do Porto Cambira, região sul do município de Dourados. A Polícia Civil alegou na época que os agentes estavam à procura de um homem acusado de matar um pastor evangélico dias antes na cidade e que teria se escondido no acampamento indígena.

Já os índios afirmaram que os policiais foram ao local para ameaçá-los, já que estavam em uma área invadida, e alegam terem agindo e legítima defesa. Outros dois índios foram denunciados pelas mortes, mas o processo contra eles ainda está em andamento.

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