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Interior

Julgamento de índios é suspenso a pedido de assistente da acusação

Após apresentar recurso, advogado douradense foi atendido e viaja de carro para São Paulo levando sobrevivente para depoimento

Helio de Freitas, de Dourados | 04/06/2019 12:26
Advogado Maurício Rasslan (à esquerda) atua na assistência da acusação de índios (Foto: Eliel Oliveira/Arquivo)
Advogado Maurício Rasslan (à esquerda) atua na assistência da acusação de índios (Foto: Eliel Oliveira/Arquivo)

Foi suspenso há pouco o julgamento de cinco índios guarani-kaiowá acusados pela morte de dois policiais civis e de ferimentos em um terceiro, em 1º de abril de 2006, em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Os crimes ficaram conhecidos como “Chacina de Porto Cambira”.

O júri tinha começado nesta terça-feira (4) na sede do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, mas foi suspenso a pedido do assistente da acusação, o advogado douradense o advogado Maurício Rasslan.

De manhã, ele tinha informado ao Campo Grande News que havia entrado com recurso por não ter sido intimado para o julgamento do cacique Carlito de Oliveira, uma das principais lideranças dos guarani-kaiowá da região sul de Mato Grosso do Sul, de Ezequiel Valensuela, Jair Aquino Fernandes, Lindomar Brites de Oliveira e Paulino Lopes. Os cinco réus foram levados em um avião da Polícia Federal até a capital paulista.

“Fiz uma interpelação para a juíza informando que não fui intimado para o júri e ela acatou minha interpelação e perguntou e podia contar comigo lá [em São Paulo] amanhã. Ela suspendeu a sessão e o julgamento será retomado amanhã”, informou o advogado.

Maurício Rasslan disse que está viajando de carro para a capital paulista, onde deve chegar por volta de meia-noite, levando junto o sobrevivente da chacina, o também policial Emerson José Gadani, 46. Ferido a golpes de faca, ele sobreviveu e atualmente está aposentado.

“Amanhã às 8h estarei no tribunal do júri levando comigo o Emerson Gadani, para ele prestar seu depoimento pessoalmente na frente do conselho de sentença”, declarou o advogado.

O julgamento deve durar pelo menos quatro dias e acontece após uma década de batalha judicial entre a defesa e a assistência da acusação sobre o local do júri.

Maurício Rasslan defendia que o julgamento ocorresse em Dourados, mas em 2016, a pedido do próprio MPF (Ministério Público Federal), a 11ª Turma do TRF determinou a transferência do júri para São Paulo.

Pesou para a decisão do TRF a manifestação do procurador da República Manoel de Souza Mendes Junior a favor do desaforamento. Em fevereiro de 2015, ele alegou que a população de Mato Grosso do Sul está “impregnada de preconceitos” por causa das disputas entre fazendeiros e índios.

As mortes – A Polícia Civil alegou na época que os agentes estavam à procura de um homem acusado de matar um pastor evangélico em Dourados dias antes e que teria se escondido no acampamento dos índios.

Os índios afirmaram que os policiais foram ao local para ameaçá-los, já que estavam em uma área invadida, e alegam terem agindo e legítima defesa. Os três policiais foram espancados, esfaqueados e feridos a tiros disparados de suas próprias armas.

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