Justiça afasta de fórum vereador investigado por pedir droga no trabalho
Vereador e oficial de Justiça em Água Clara foi flagrado em áudio e conversas de whatsapp pedindo substância que a polícia civil acredita ser ilegal
Investigado pela polícia civil por ter pedido drogas quando estava no Fórum de Água Clara, a 198 km de Campo Grande, onde trabalha, o vereador Gustavo Gimenez Guiraldelli (PSDB) foi afastado, temporariamente, do cargo de Oficial de Justiça no Fórum. Isso porque ele responde a processo administrativo disciplinar.
A decisão, do dia 21 de janeiro, é da juíza Camila de Melo Mattioli Gusmão Serra Figueiredo. O afastamento preventivo é de 30 dias e ele será interrogado no dia 25 de fevereiro. O afastamento é justificado, pela juíza, pelas provas apresentadas pela investigação policial, que mostram que ele “pediu drogas de dentro do Fórum e utilizou sua função pública para amedrontar testemunhas”.
Investigação policial – Conduzida pelo delegado Felipe Alvarez Medeira, a investigação teve acesso ao celular de Denilson Fabio Barros Antunes, indiciado por tráfico de drogas. Do aplicativo de comunicação whatsapp, a polícia flagrou, em uma das conversas, diálogo com o parlamentar.
Conforme o termo de ocorrência, apesar de diversas conversas terem sido apagadas, “restavam dois áudios e algumas mensagens de texto”. Nos áudios, pontua a polícia, “aparece claramente a voz do vereador” pedindo a Denilson substância entorpecente. Na conversa, aparecem detalhes como o local, em frente ao Fórum, “embalagem pequena” e “pó”.
“Há fatos e indícios de que no dia 20 de dezembro de 2018 entre as 16h20 às 17h11 o suspeito teria portado substância entorpecente em frente ao fórum”, cita a polícia.
A investigação ainda cita que o vereador já foi citado em outra ocorrência, envolvido na locação de um imóvel e financiamento de uma festa onde ocorreu consumo de bebidas e drogas por menores.
A investigação ouviu dois depoimentos. Em um deles, uma mulher que trabalha na limpeza da casa do vereador afirma que “ele sempre utiliza drogas na residência”, “geralmente cocaína”, que pega a droga com uma pessoa identificada como “Dinho Mototáxi”, e que antes comprava do traficante “Mizael”, que foi preso.
Ela também afirma que ele já havia trazido a droga de Campo Grande e que, em uma ocasião, ofereceu a droga para ela. A empregada também teria ouvido, do vereador, que ele “não estaria preocupado com esse b.o porque iria procurar o promotor de Água Clara e a juíza e dizer que estava nervoso por ter sido afastado da presidência da Câmara e resolveu usar drogas”.
Ele também teria afirmado ser “amigo” da juíza e do promotor e que teria acesso a “tudo que é falado nos depoimentos judiciais”.
Outra depoente afirma que conheceu a empregada doméstica dentro do presídio, onde ela cumpria pena por ter agido como “mula” – pessoa que transporta drogas – e que a empregada, que trabalha na casa do vereador três vezes por semana, sentiu-se ameaçada por ter prestado o depoimento. Ela teria sido “chamada para conversar” pelo traficante Dinho.
Por telefone, o vereador não quis comentar o assunto e passou à reportagem o contato de seu advogado, que não atendeu as ligações.
No dia 13 de janeiro, uma nota oficial na página do Facebook do vereador atribui as acusações “a um grupo político”. Ele afirma que “tudo isso ocorreu” porque teria ganhado na justiça local o direito de ser o presidente da Câmara Municipal.
“O medo que eles têm de ter um adversário na presidência da Câmara é tão grande que partiram para o tudo ou nada. Quando vi que a base do prefeito Tupete e do vereador Vicente mantinham o poder através de atos de corrupção e improbidade pública, não pensei duas vezes em me distanciar e fazer oposição a este governo negligente e ineficiente”, comentou.
Ele afirma, ainda, que “por conta do desespero desse grupo em impedir que assuma a presidência da câmara, não duvidava que houvesse ataques contra minha pessoa”. “O que não imaginava, é que fossem criminosos, com o uso político de instituições e cargos públicos, em violação de deveres funcionais, inclusive através de coação, em criminosa utilização de função pública para atacar a minha honra e imagem através de vazamentos de áudios ilegais e totalmente fora de contexto. Os autores desses crimes serão responsabilizados na forma da Lei”, afirma a nota.