Médico acusa hopital de comprometer atendimento a pessoas com câncer
O Hospital Evangélico de Dourados, a 233 km de Campo Grande, maior instituição hospitalar particular do interior de Mato Grosso do Sul, é acusado de se apropriar de recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) e de pagamentos feitos por convênios para tratamento de pessoas com câncer e não repassar o dinheiro para o Centro de Tratamento de Câncer, a clínica terceirizada que faz os atendimentos.
A denúncia foi feita na manhã desta quinta-feira pelo médico Mário Eduardo Rocha, um dos diretores da empresa contratada pelo Evangélico para atender os pacientes no chamado “Hospital do Câncer” – nome fantasia de uma ala do próprio Evangélico, que é a instituição credenciada pelo Ministério da Saúde para prestação de serviços de oncologia a moradores de Dourados e de outros 30 municípios da região.
Em entrevista à rádio Grande FM, Mário Eduardo confirmou a decisão tomada ontem de suspender o atendimento a novos pacientes e disse que o serviço de oncologia vive uma crise sem precedentes devido aos atrasos nos pagamentos feitos pelo Evangélico.
Segundo ele, além dos recursos que vêm do SUS à prefeitura e são repassados ao Evangélico, “mas não chegam ao Hospital do Câncer”, a instituição particular também estaria atrasando a liberação do dinheiro pago pelos convênios – Unimed e Cassems, principalmente.
Como consequência dos atrasos, Mário Eduardo disse na entrevista que o “Hospital do Câncer” tem dívidas de R$ 300 mil com fornecedores, deve cerca de R$ 100 mil em salário aos dez médicos que atendem no local e não consegue mais manter o estoque de medicamentos para tratamento dos pacientes com câncer.
Segundo o médico, o problema ocorre porque o Evangélico não paga pelos serviços prestados, já que a maior parte dos recursos vem do Ministério da Saúde para a prefeitura, que por sua vez faz o repasse em dia ao hospital.
Evangélico questiona suspensão – Em ofício encaminhado a Mário Eduardo, a direção do Hospital Evangélico questionou a suspensão do atendimento a novos pacientes e afirmou existir medicamento em estoque suficiente para os tratamentos.
Assinado pelo vice-superintendente Marco Aurélio de Camargo Areias, o ofício diz que existe medicação para tratamento por cerca de cinco dias, “não justificando assim a suspensão de atendimento geral”. Também diz que os repasses já recebidos pelo hospital referentes a outros convênios “estão em dia”.
Já em relação ao repasse do SUS, a direção do Evangélico afirma no ofício encaminhado a Mário Eduardo que o Ministério da Saúde deixou de efetivar os repasses de dezembro de 2014, “fazendo-o de forma parcial e obrigando a todas as secretarias de saúde no país a adotar a mesma postura”.