Na frente de testemunhas, assassino usou duas armas para matar mãe e filha
Polícia acredita que Antônio Cavalheiro Soares tenha se refugiado em áreas de cultivo de maconha
A polícia trata como duplo feminicídio o assassinato de Naila Vitória Rodrigues, 20, e da mãe dela, Erika Rodrigues Salomão, 39, ocorrido na manhã de ontem (4) em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai.
Incluído no Código Penal brasileiro pela Lei 13.104/15, o feminicídio é o assassinato praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica.
A polícia também já tem provas e depoimentos de testemunhas confirmando que o autor do duplo feminicídio foi Antônio César Cavalheiro Soares, ex-marido de Naila. Ele está foragido.
A jovem tinha um filho de cinco meses com ele e o havia deixado depois de ser chutada, ameaçada e levar cusparada no rosto, no dia 1º de abril deste ano.
O inquérito está com a DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Ponta Porã, mas o crime é considerado praticamente esclarecido. Segundo o delegado regional Clemir Vieira, vários depoimentos estão sendo ouvidos desde ontem.
Os investigadores também já sabem que Antônio usou duas armas. Em frente ao Hospital Regional, na Rua Baltazar Saldanha, ele executou Naila a tiros de pistola 9 milímetros. Cápsulas deflagradas foram recolhidas ao lado do corpo.
Já na loja 2 do Supermercado Sol, na Vila Maria Auxiliadora – a 1 km do hospital – Antônio usou um revólver para matar Erika com tiros na cabeça. O calibre ainda não foi revelado pela perícia, mas como não foram encontradas cápsulas, a certeza é de que tenha usado arma de tambor.
“De cara limpa” – Provas já levantadas pela polícia mostram que Antônio não teve qualquer preocupação em ser reconhecido e identificado como autor das mortes. Ele agiu “de cara limpa”.
Imagens de câmeras de segurança recuperadas pela polícia mostram o criminoso executando a ex-sogra no mercado. Na rua, onde matou Naila, também cometeu o crime na frente de testemunhas.
Para chegar aos dois locais, Antônio usou um Toyota hatch preto com placa do Paraguai – modelo de carro não vendido no Brasil. Depois de matar Erika, ele deixou o carro na casa de uma ex, no bairro Ipê II, e fugiu em moto, também com placa do Paraguai.
Roças de maconha – O Campo Grande News apurou que as suspeitas indicam a presença do criminoso em território paraguaio, mais precisamente na região de Cerro Coraí, onde existem lavouras de maconha. Morador em Pedro Juan Caballero, Antônio seria produtor da droga naquela região.
Desde 1º de janeiro, quando procurou a Polícia Militar brasileira para denunciar Antônio por violência doméstica, Naila morava com a mãe, no bairro Kamel Saad, em Ponta Porã. No dia em que a mulher saiu de casa, o criminoso prometeu que iria matá-la se ela o deixasse e se o denunciasse à polícia.
Policiais militares que fizeram a ocorrência orientaram Naila a registrar o caso na Polícia Civil e comunicar à Polícia Nacional, pois a violência doméstica havia ocorrido em território paraguaio. Entretanto, ela não teria levado o caso à frente.