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Interior

"Não foi alienígena", foi o homem, diz PF sobre incêndio para "grilar terra"

Operação Prometeu foi deflagrada para combater os crimes de incêndio, desmatamento e exploração ilegal

Por Viviane Oliveira | 20/09/2024 08:31
Superintendente da PF, Carlos Henrique Cotta D’Angelo, em entrevista ao Campo Grande News em fevereiro deste ano (Foto: arquivo / Henrique Kawaminami)
Superintendente da PF, Carlos Henrique Cotta D’Angelo, em entrevista ao Campo Grande News em fevereiro deste ano (Foto: arquivo / Henrique Kawaminami)

O delegado Carlos Henrique Cotta D’Angelo, superintendente da PF (Polícia Federal) de Mato Grosso do Sul, afirmou na manhã desta sexta-feira (20), que a série de incêndios no Pantanal registrados nos últimos anos foi provocada pelo homem, para poder "grilar" terras da União".

A Operação Prometeu foi deflagrada para combater os crimes de incêndio, desmatamento, exploração ilegal de terras da União em Corumbá, distante 428 quilômetros de Campo Grande. No total, são cumpridos sete mandados de busca e apreensão.

Em entrevista ao Bom Dia MS, o superintendente disse que a operação de hoje é uma fase executiva para angariar mais elementos de provas das investigações que foram iniciadas no gabinete de crise em Ladário, na região de Corumbá. “Nós trabalhamos com a ciência. Então nós não admitimos que entidades possam ter feito esse tipo coisa, que alienígenas possam ter feito esse tipo de coisa”, destacou.

Incêndio em área da União explorada pelos investigados (Foto: divulgação / PF)
Incêndio em área da União explorada pelos investigados (Foto: divulgação / PF)

Conforme o delegado, apesar de o fogo ter sido provocado pelo ser humano, não significa necessariamente que seja criminoso ou doloso. “Tudo isso merece investigação. Nesse caso específico de hoje, nós identificamos que em junho deste ano houve incêndio em uma  propriedade específica, isso nos chamou a atenção”, destacou.

A partir desse registro, foi feito o trabalho de margeamento, regresso com satélite e foi descoberto que até 2020 a área era perfeita, intacta. “A partir daí ela começa a sofrer sucessivos incêndios e ao fazer o rastreamento descobrimos que se trata de uma área da União. É uma terra que pertence ao governo federal, então a pessoa em um só tempo cometeu o incêndio e a prática a grilagem de terra pública”, explicou.

O delegado disse que foi representado ao Poder Judiciário pela pelas prisões, mas foi indeferido. “Neste primeiro momento estamos cumprindo apenas mandados de busca, mas não se descarta a possibilidade de virem [os alvos] a ser presos”, disse.

Mapeamento feito pela Polícia Federal (Foto: divulgação / PF)
Mapeamento feito pela Polícia Federal (Foto: divulgação / PF)

Operação - A perícia da Polícia Federal identificou dano de mais de R$ 220 milhões na exploração da área pelo grupo investigado, que deverá responder por crimes de provocar incêndio em mata ou floresta, desmatar e explorar economicamente área de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.

Segundo a polícia, as investigações apontaram que os incêndios deste ano ocorreram em área queimada outras vezes, e que também foi alvo de grilagem com a realização de fraudes junto aos órgãos governamentais.

A ocupação irregular da área soma 6,4 mil hectares e tem sido utilizada para exploração econômica através da pecuária. Buscas na região apontam para a existência de pelo menos 2,1 mil cabeças de gado na área da União, mas a estimativa é de 7,2 mil animais em todo o período investigado.

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