"Odeio preto", disse homem antes de matar jovem ao apontá-lo como estuprador
Adolescente teve o pescoço cortado em assassinato brutal na cidade de Deodápolis, que fica a 265 km da Capital
Racismo pode ter motivado o brutal assassinato de um adolescente, de 17 anos, acusado falsamente de estupro, na cidade de Deodápolis, a 265 km de Campo Grande, na noite de sábado (14). "Odeio preto", disse Fabiano Alves Capelaxio, de 35 anos, para a filha, momentos antes de cometer o crime. Ele e os outros quatro envolvidos foram presos.
Fabiano alegou para a polícia que ouviu o adolescente dizer que havia "ficado" com a filha dele, uma menor de 14 anos. "Inconformado com o suposto relacionamento e alegando falsamente que a filha havia sido estuprada, o homem se reuniu com mais quatro indivíduos e buscaram a vítima em sua casa", detalha a Polícia Civil.
Depois, foi até a casa e pegou a filha pelos cabelos. Entre xingamentos, dizia que "sabia de tudo" e que ela havia mantido relação sexual com o adolescente em uma festa na cidade de Ivinhema. A menor de idade respondeu ao pai que não sabia sobre o que ele estava falando e negou que tivesse qualquer relacionamento com o rapaz. Inclusive, na delegacia de polícia reafirmou que ela e a vítima eram apenas amigos.
"Rapaz preto", "você sabe que odeio preto", foram as últimas frases ditas por Fabiano, antes de pôr fim à vida do adolescente, junto com o filho Rafael Kennedy da Silva Alves, de 19 anos, e outros três homens: João Pedro Leôncio de Lima, 19 anos, Ryan Lucas Teixeira Salustriano, 19, e Erik Henrique da Silva Jesus, de 21 anos.
Naquela noite de sábado, ambos foram até a casa do tio da vítima e obrigaram que os levassem até uma área rural próximo à cidade, onde foi feito um “tribunal do crime”. O rapaz de 17 anos também foi colocado à força no carro e, mesmo negando a acusação de estupro, foi brutalmente morto com várias facadas no coração e no pescoço. "(...) executaram a vítima de forma bárbara, com várias facadas no coração e cortando seu pescoço (esgorjamento)", descreve a Polícia Civil.
Dois dos envolvidos alegam que correram no momento em que os autores desferiram as facadas. Três ficaram no local, enquanto um filmava a execução, os outros dois golpeavam a vítima. As imagens são chocantes e não serão divulgadas pela reportagem.
Depois, o tio do adolescente foi obrigado a dirigir o veículo e seguir até um bar, onde um dos autores ingeriu bebidas alcoólicas. O tio também foi obrigado a pagar a conta das bebidas, de R$ 120. Na sequência, Fabiano disse que voltariam para ocultar o corpo, momento em que o tio entregou a chave do carro, correu e se escondeu em um matagal.
Ao perceber que o terreno estava "limpo", já na manhã deste domingo (14), o tio procurou a delegacia e denunciou o crime. Então, as equipes da Polícia Civil e Polícia Militar saíram em diligências e conseguiram chegar aos cinco envolvidos, que foram presos por homicídio qualificado por motivo fútil, por emboscada e recurso que dificulte a defesa do ofendido.
Os cinco tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. "(...) a custódia cautelar dos autuados se revela ser não apenas a medida mais adequada para a espécie, mas, sobretudo, a mais necessária, ante a necessidade de resguardo da ordem pública, uma vez que o crime foi praticado, em tese, com violência desmedida, conforme deflui da leitura das peças existentes até então, demonstrando a periculosidade dos autuados", pontuou a juíza Natalia Devechi Picoli Antunes.
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