Pais de bebê prematuro que morreu cobram criação de UTI neonatal em Corumbá
Recém-nascido lutou pela vida por mais de três dias aguardando transferência de Corumbá para Campo Grande
"Precisamos transformar a dor em luta", sintetiza o pai do recém-nascido Arthur, Edmaio Rodrigues, após seu filho falecer neste domingo (21) na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande.
O bebê prematuro Arthur, que aguardava por uma vaga de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal em Corumbá, a 428 km da Capital, mas só conseguiu ser transferido na madrugada de sábado (20) para Campo Grande. O sepultamento aconteceu na manhã de hoje (22), às 8h30, no Cemitério Municipal de Ladário, cidade onde reside a família.
Após a perda do primeiro filho, seus pais, Edmaio Rodrigues e Edilaine Alves, explicaram que pretendem transformar o luto em uma batalha pela criação de uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal em Corumbá.
Mesmo com dor no coração, queremos buscar um motivo para viver e transformar. É transformar a dor em luta. A passagem de Arthur precisa valer a pena”, comenta Edmaio.
Impasse - O bebê nasceu prematuro, após 26 semanas de gestação (aproximadamente seis meses), aguardou desde o dia 16 de janeiro ser transferido da Santa Casa de Corumbá, onde não há UTI neonatal para dar a assistência que Arthur necessitou para sobreviver. Nascido com apenas 750 gramas, o bebê chegou a ter uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimado pela equipe médica.
Conforme noticiado anteriormente, o processo transferência passou por um impasse, o que, consequentemente, ocasionou uma longa demora. Em nota, a Santa Casa de Corumbá relata que foi solicitada uma vaga para Arthur ao Sistema de Regulação Estadual, que inicialmente autorizou a transferência para o hospital de Três Lagoas.
No entanto, os voos contratados pela Santa Casa estavam destinados a Campo Grande. Somente no final da manhã de sexta-feira (19), foi concedida uma vaga para a Maternidade Cândido Mariano na Capital.
A urgência do seu estado exigiu a transferência em uma UTI aérea, equipada com suporte avançado, para a Santa Casa de Campo Grande. Entretanto, o transporte aéreo só aconteceu no sábado (20).
Emocionada, Edilaine, a mãe de Arthur, expressa seus sentimentos e agradece todos os esforços empreendidos na transferência. “Eu só agradeço de coração. Graças a todo mundo, ele [Arthur] teve oportunidade de ir a Campo Grande e lutar pela vida dele. Só tenho que agradecer. Vou carregar comigo, como ele foi um guerreiro, mesmo tão pequenininho”.
Sem UTI - Embora seja uma das maiores cidades de Mato Grosso do Sul, Corumbá não possui UTI neonatal na rede pública. Isso obriga bebês que necessitam dessa assistência a serem transferidos para outras cidades. A cidade, classificada como macrorregião de saúde, enfrenta a carência desse serviço crucial.
Mesmo em um momento de dor, a família de Arthur está determinada a mobilizar a população de Corumbá e Ladário para reivindicar uma UTI neonatal na região. "Queremos fazer a população acordar para essas questões. Para não deixar que outras famílias passem por isso. Esse é o legado do nosso filho", explica Edmaio.
Conforme noticiado em outras matérias, a Prefeitura de Corumbá alega não haver previsão para a construção de uma unidade. "O que existe hoje é a reforma do Centro Obstétrico da Maternidade [da Santa Casa de Corumbá], que voltou para processo licitatório após desajuste com a empresa que tocava a obra", informou em nota.
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