Pantaneiro é acostumado ao calor, mas disputa ar-condicionado em Porto Murtinho
Procura pelo aparelho não vê classe social na cidade que ontem registrou 42,3ºC
Difícil é conseguir marcar um horário com um técnico de ar-condicionado em Porto Murtinho. Nesta semana, os termômetros da cidade pantaneira de Mato Grosso do Sul marcaram temperaturas acima dos 40ºC. A de ontem (25) foi a mais alta do Estado, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia): 42,9ºC.
Proprietário de uma das empresas de climatização porto-murtinhense, Wilson Barrios confirma que não está conseguindo atender toda a demanda. É muita gente querendo fazer manutenção, comprar ou instalar o aparelho eletrônico mais desejo durante a onda de calor que atinge não só o município, mas todo o Brasil.
A procura por ar-condicionado não vê classe social por lá, inclusive. "Até as pessoas mais carentes estão recorrendo, mesmo sabendo que isso pode gerar um problema financeiro, já que a tarifa de energia elétrica é muito alta", atesta o comerciante.
Funcionário de uma loja de materiais para construção, Rodrigo Acosta, percebe o mesmo. Tanto é que o transformador de voltagem elétrica que converte 110v para 220v é vendido aos montes na loja.
"Até pessoas que têm residências mais humildes estão comprando", fala. Se está assim na primavera, Rodrigo acha que vai ficar pior quando a próxima estação chegar. "O calor já está excessivo, imagina só quando começar o verão", diz.
Na beira do rio - A reportagem entrou em contato com pousadas e ranchos no município, muito procurados por quem gosta de pescar ou só quer descansar perto do Rio Paraguai, que banha Porto Murtinho.
Em todas as consultadas, o ar-condicionado é item básico nos quartos. As que não estão perto do rio têm piscina.
Funcionário de uma das pousadas, Valdomiro dos Santos acha que "pantaneiro está acostumado ao calor", mas que, mesmo assim, não resiste às comodidades que esses locais oferecem.
Os moradores também aproveitam para ficar no cais do rio. É opção mais democrática, já que não precisa pagar e dar para ir a pé de vários bairros. Só é preciso ficar atento para evitar acidentes.
Saúde - Como consequência da onda de calor, a população de Porto Murtinho tem procurado mais as unidades de saúde. O enfermeiro Cristiano Brito vê esse aumento na instituição onde trabalha. "Fraqueza muscular, cansaço, náuseas, desequilíbrio no controle da pressão arterial e frequência cardíaca é o que mais estão sentindo", cita.
Secretária municipal interina de Saúde, Rita de Kássia Padilha confirma que a demanda de pacientes está um pouco acima do comum nas unidades. Em contrapartida, a prefeitura tem feito orientações.
"Pedimos para que bebam bastante água e reforçamos que Porto Murtinho é uma cidade quente por natureza. Todos precisam se cuidar, inclusive não abandonando o tratamento de problemas como hipertensão, por exemplo. Os agentes comunitários de saúde estão indo até as casas das pessoas para orientá-las", diz Rita de Kássia.
Na rede pública de ensino, os estudantes estão sendo liberados mais cedo. As aulas estão sendo reduzidas a 30 minutos de duração para que isso ocorra, explica a secretária. A medida será mantida enquanto se prolongar a onda de calor.
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