“Paz em Ribas já era”, dizem moradores sobre expansão econômica da cidade
Chegada de uma nova indústria de celulose aumentou número de pessoas, bares e problemas na região
A 98 quilômetros de Campo Grande e com pouco mais de 25 mil habitantes, Ribas do Rio Pardo sempre foi conhecida pelos ares de cidade pacata que esbanjava tranquilidade, no entanto, segundo moradores da região, com a expansão econômica da cidade, resultado da chegada de uma nova indústria de celulose, “a paz no município já era”.
Há 20 anos, a comerciante Nadir Madalena dos Santos, de 32 anos, vive em Ribas do Rio Pardo. De lá para cá, ela conta que muita coisa melhorou, apesar disso, aponta
![Movimentação na região onde fica o alojamento de trabalhadores da fábrica aberta na cidade em 2021. (Foto: Paulo Francis)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2022/06/02/3iyecn9dklgks.jpg)
que houve piora em diversos setores. “Hoje está melhor para os negócios, mas priorizo minha tranquilidade e paz que hoje já não tenho mais. Com toda violência que a gente tem visto, dá até saudade da Ribas antiga”, relata.
Ao Campo Grande News, Nadir conta que teve até de mudar a rotina de caminhada que fazia diariamente pela manhã, sempre às 5h. “Parei porque o que se vê é um monte de homem na rua e eu tenho medo. Inclusive, há cerca de duas semanas furaram um homem em um bar ao lado da minha loja”, pontua.
O início da construção de uma fábrica da Suzano aumentou a circulação de pessoas na cidade em razão das contratações de pessoal para as obras. Além disso, triplicou o número de empresas abertas.
“Muitos bares foram abertos, até uns improvisados em frente a casa de moradores. É muito homem bebendo e sempre sai briga. Antes não tinha isso. Agora, todo mundo fica apreensivo”, pontua o vigilante Rafael Martins, de 37 anos.
Ele explica que, antes da chegada da Suzano, roubos e furtos eram os crimes mais comuns porque muita gente estava desempregada. Agora, a realidade é outra. “O pessoal sempre está bebendo nesses bares e sempre sai agressão e até esfaqueamento", revela.
Aos 51 anos, a professora Rosângela Paiva da Cruz não teve muita sorte. Há 1 ano, a educadora saiu do Amapá para morar em Ribas, justamente pela paz que o local oferecia. "Às 18h não tinha ninguém na rua e era uma paz. Hoje já não é mais assim e em cada esquina tem um bar e um monte de homem bebendo”, descreve a moradora que também deixou de caminhar pela manhã por medo da nova realidade.
Além dos bares que atendem a clientela fiel, a professora conta que também aumentou a quantidade de casas de prostituição. “Foram abertas até em bairros mais familiares, o que antes não se via”, aponta.
Veterano nas redondezas, o marceneiro Antônio Franklin de Brito, de 65 anos, chegou à cidade em 1982. Até hoje, mora com a esposa no município, que já não é o mesmo. “Aumentou o movimento na cidade, o trânsito está mais pesado, mas sinto que o número de policiais nas ruas também aumentou, ou seja, tem coisas para o bem e para o mal”, analisa.
Na noite de ontem, crime brutal chocou a cidade e é comentário em todas as casas. Aos 32 anos, Daniela Luiz, e o filho dela, um adolescente de 14, foram mortos a facadas pelo ex-marido da vítima, identificado como João José Furtado Nunes, de 32 anos. A mãe de Daniela também foi esfaqueada e segue internada na Santa Casa de Campo Grande. Todo o crime foi presenciado por uma criança de 4 anos, que correu em direção à rua em busca de socorro.