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Interior

PMs que cobravam propina para não multar fazendeiros são expulsos da corporação

Além de exclusão, policiais foram condenados a mais de 8 anos de prisão

Dayene Paz | 24/08/2023 10:42
Um dos policiais recebendo dinheiro após vistoriar propriedade (Foto: Direto das Ruas)
Um dos policiais recebendo dinheiro após vistoriar propriedade (Foto: Direto das Ruas)

O Comando-Geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul excluiu os sargentos Elias Bacha de Souza, de 57 anos, e Márcio Rogério dos Santos, de 50, condenados pela Justiça por cobrarem propina de fazendeiros em troca de fazer "vista grossa" para crimes ambientais em propriedades rurais de Aquidauana e Corguinho.

Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, em agosto de 2020, os policiais estiveram em uma fazenda de Aquidauana, a 135 km de Campo Grande. No local, solicitaram ao proprietário as licenças ambientais relativas ao desmate e corte de árvores para reforma e implantação de pastagem.

Na chegada, perceberam que estava tudo em ordem, sem irregularidades ou crime ambiental. No entanto, passaram a dizer ao dono da propriedade que o pelotão da PMA (Polícia Militar Ambiental) de Rio Negro estava sendo reformado e solicitaram “uma colaboração em dinheiro para a obra”.

O fazendeiro disse que não tinha quantia para "ajudar", mas os militares passaram a insistir muito na "doação" em dinheiro. Sentindo-se coagido, o proprietário entregou R$ 400 aos policiais.

Em setembro do mesmo ano, esse fazendeiro telefonou para o sargento Elias e perguntou se poderia atear fogo nas lenhas provenientes do desmate e corte de árvores. Elias respondeu que iria até a fazenda conversar pessoalmente sobre o assunto.

Chegando lá com Márcio, os dois disseram ao dono que estava proibido atear fogo e, então, passaram a exigir que a vítima fizesse um “acordo” com eles. A proposta dos sargentos foi que o fazendeiro pagasse R$ 5 mil para que permitissem a queima, sem sofrer qualquer penalidade ambiental.

Mais uma vez, o fazendeiro respondeu que não poderia pagar nada e depois de insistência dos militares, ofereceu uma vaca para as comemorações de fim de ano. No entanto, os policiais não quiseram e a vítima não pagou qualquer quantia.

Outro caso - Em janeiro de 2021, Elias e Márcio foram até uma área de Corguinho, cidade a 88 km da Capital. Lá, depois de perceberem que estava tudo regular, disseram ao dono terem recebido denúncia da falta de curvas de nível na fazenda para a água da chuva, o que ocasionou erosões na estrada que dá acesso as outras propriedades rurais.

Então, afirmaram que lavrariam multa de R$ 30 mil. Mas também disseram que "havia outro jeito de resolver a situação" e exigiram o pagamento de R$ 6 mil para não multar a propriedade. A vítima, inicialmente, negou o pagamento, mas, com a insistência dos policiais, concordou em pagar R$ 2 mil no prazo de 10 dias e, o restante, depois da colheita.

Decisão - Ambos os policiais foram condenados pela Justiça - em outubro de 2021 - a pena de 8 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. Na decisão, também constava a exclusão dos quadros da PM de Mato Grosso do Sul, o que foi oficializado nesta quinta-feira, 24 de agosto, com publicação no Diário Oficial do Estado.

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