Presidente paraguaio critica governador que ameaçou cortar cerca na fronteira
Mario Abdo Benítez lamentou que “autoridades constituídas” ameacem agir contra a lei e disse que fim da quarentena será gradativa
Sem citar nomes, o presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez criticou autoridades políticas que defendem o fim do bloqueio da fronteira, determinado há 40 dias no país vizinho como forma de conter a pandemia do novo coronavírus.
A declaração é resposta ao governador do departamento de Amambay, Ronald Acevedo, que na terça-feira (21) xingou os militares presentes na Linha Internacional e ameaçou derrubar a cerca de arame farpado instalada pelo Exército entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS).
“Reitero todo nosso apoio às forças militares, à aduana e às forças policiais que estão fazendo cumprir o decreto. As autoridades têm que ser exemplo no cumprimento da lei em um estado de direito e respeitar o fechamento da fronteira para salvar vidas. Amambay é Paraguai. As decisões do Executivo precisam ser respeitadas”, afirmou Marito Benítez em entrevista à rádio ABC Cardinal.
Na terça-feira, Ronald Acevedo, que é do Partido Liberal e oposição ao presidente, do Partido Colorado, afirmou ser “brasiguaio” e criticou o fechamento da fronteira. Segundo ele, na Linha Internacional os paraguaios dependem do Brasil, para trabalhar e fazer compras. O comércio de Pedro Juan Caballero está fechado desde o início de março e só estabelecimentos que vendem produtos essenciais permanecem abertos.
Reunidos ontem com representantes de Ponta Porã, o presidente da Câmara de Indústria, Comércio, Turismo e Serviços de Pedro Juan Caballero Víctor Hugo Barreto e o prefeito da cidade José Carlos Acevedo pediram apoio para reabertura da fronteira.
Documento será enviado ao presidente Mario Abdo Benítez propondo a instalação de barreiras sanitárias para permitir a passagem de moradores dos dois lados da fronteira e a reabertura do comércio.
O prefeito de Ponta Porã Hélio Peluffo Filho (PSDB) ofereceu equipes da Vigilância Sanitária para atuar nas barreiras. Segundo ele, o governador Reinaldo Azambuja deu aval para atuação também de bombeiros militares.
A ideia é que as equipes façam o controle de entrada e saída de pessoas na fronteira entre os dois países, para identificar possíveis sintomas de covid-19 e encaminhar os suspeitos para exames médicos.
Entretanto, Mario Benítez informou nesta semana que as fronteiras e as escolas serão reabertas nas últimas etapas do plano de saída da quarentena total. A primeira etapa será anunciada amanhã.
O Paraguai tem 213 casos confirmados de covid-19 e nove mortes provocadas pela doença. São oito casos confirmados em Amambay, cuja capital é Pedro Juan Caballero. Um morador da cidade morreu em decorrência do novo coronavírus. Ponta Porã tem um caso confirmado. A paciente, de 42 anos, se curou da doença, mas ainda continua internada no Hospital Regional José de Simone Netto.