Preso por assassinato, comerciante disputou duas eleições de vereador
Anderson Rodrigues da Cruz é acusado de matar o ex-presidiário Fábio Lopes, em junho deste ano
Anderson Rodrigues da Cruz, 43, preso pelo assassinato do ex-presidiário Fábio Lopes, 37, em junho deste ano, disputou duas eleições de vereador em Ponta Porã, cidade a 313 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai.
Em 2012, Anderson era filiado ao PP (Partido Progressista) e informou ser pecuarista à Justiça Eleitoral. A votação dele aparece zerada naquela eleição. Isso acontece quando a candidatura é impugnada.
Em 2016, Anderson da Cruz se candidatou novamente, dessa vez filiado ao DEM. Nessa eleição, ele aparecia como comerciante e obteve 228 votos, mas ficou longe de ser eleito.
No ano seguinte à eleição, chegou a ser condenado a seis anos em regime semiaberto por tráfico de drogas após o traficante Rogério Lima Duarte ser preso por policiais federais com 7 quilos de cocaína em um Fiat Uno registrado em nome de Anderson da Cruz.
No dia da prisão, na MS-164, Rogério disse que tinha sido contratado por homem chamado Fernando para levar a droga até Campo Grande. Através de foto mostrada pelos agentes federais, ele disse que Fernando e Anderson eram a mesma pessoa.
Durante a fase processual, no entanto, Rogério mudou a versão para inocentar Anderson e disse que ele próprio tinha comprado a cocaína em Bela Vista e que havia adquirido o Uno em Ponta Porã, mas não havia feito a transferência de propriedade.
Para justificar a mudança de versão, Rogério disse que os policiais federais o agrediram fisicamente e teriam até quebrado um de seus dentes para que apontasse Anderson da Cruz como dono da droga. A versão convenceu a maioria dos desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que decidiram anular a sentença por falta de provas.
Ontem, Anderson foi preso em Ponta Porã como suspeito pelo assassinato do ex-presidiário Fábio Lopes. Com várias lesões e um ferimento provocado por tiro, o corpo foi encontrado na manhã de 18 de junho deste ano no anel viário da cidade.
A Polícia Civil não informou os motivos do assassinato. A reportagem apurou que a morte não teria ligação com a “guerra” do crime organizado na fronteira e seria motivada por questões pessoais. Anderson também estava com a prisão decretada por violência doméstica.