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Interior

Procurado, dono do Shopping China nega ligação com doleiro

Felipe Cogorno Álvarez e outros sete cidadãos paraguaios com ordem de prisão no Brasil continuam em liberdade no Paraguai

Helio de Freitas, de Dourados | 20/11/2019 10:01
Felipe Cogorno é um dos oito cidadãos paraguaios com prisão decretada por juiz da Lava Jato (Foto: Divulgação)
Felipe Cogorno é um dos oito cidadãos paraguaios com prisão decretada por juiz da Lava Jato (Foto: Divulgação)

Os oito cidadãos paraguaios com prisão preventiva decretada ontem (19) pelo juiz federal Marcelo Bretas no âmbito da Operação Patrón – nova fase da Lava Jato – continuam em liberdade no país vizinho. Todos são acusados de dar apoio logístico e financeiro para o doleiro Dario Messer no período em que o brasileiro era procurado pela polícia dos dois países. Messer foi preso em julho deste ano, em São Paulo.

Entre os paraguaios com ordem de prisão no Brasil está o megaempresário Felipe Cogorno Álvarez, dono do Shopping China, maior loja de importados da América do Sul. Localizada em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã, a loja é o paraíso de compras dos sul-mato-grossenses e de moradores de vários outros estados brasileiros.

Em nota oficial divulgada nesta manhã, Felipe Cogorno Álvarez negou ligação com o doleiro e se disse surpreso com a ordem de prisão. “Não tenho amizade, nem relação comercial com o senhor Dario Messer. Só o conheço de âmbito social, como tantos outros empresários do país conhecem. Jamais tive algum tipo de comunicação com o senhor Messer”.

Ele também nega ter feito qualquer tipo de operação financeira com Dario Messer e com a namorada do doleiro, Myra de Oliveira Athayde.

“O único motivo pelo qual incluíram meu nome no Ministério Público do Brasil é porque um advogado que conheço da minha época de universidade em São Paulo me chamou no começo do ano e me solicitou que recomendasse uma casa de câmbio no Paraguai, momento em que sugeri a Fe Câmbios, regulada e fiscalizada pelo Banco Central do Paraguai”, explica Cogorno.

Ele encerra a nota afirmando considerar “absurdo” ter sido incluído como investigado na Operação Lava Jato e disse que se coloca à disposição das autoridades paraguaias e brasileiras para esclarecer qualquer dúvida.

A Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) do Brasil afirmam que o empresário ítalo-paraguaio, representante da Câmara de Comércio do estado de Amambay, ajudou a financiar a fuga de Dario Messer. Segundo a investigação, Cogorno visita regularmente em São Paulo outro doleiro do esquema, Najun Turner, também foragido.

Em janeiro deste ano, a PF interceptou conversa entre Najun Turner e Dario Messer falando sobre ajuda que pediriam a Cogorno para ocultar 500 mil dólares, entregues pela noiva de Dario, Myra Athayde, presa ontem pela PF.

Por orientação de Felipe Cogorno, segundo a investigação, Myra abriu uma conta na casa de câmbios Fe câmbios, em Asunción. A casa de câmbios pertence aos paraguaios Edgar Ceferino Aranda Franco e José Fermín Valdez, também com prisão decretada pelo juiz Marcelo Bretas.

Outros paraguaios – Além de Felipe Cogorno e os doleiros paraguaios Edgar Franco e José Valdez, também tiveram as prisões decretadas, mas continuam soltos no país vizinho o ex-presidente e senador vitalício do Paraguai Horacio Cartes, a advogada Letícia Bóbeda, Lucas Lucio Mereles Paredes, o empresário Roque Fabiano Silveira, que escondeu Messer em Salto Del Guairá, e Jorge Alberto Ojeda Segóvia.

Ontem, os advogados de Horacio Cartes afirmaram que ele vai se colocar à disposição da Justiça brasileira. Entretanto, as autoridades paraguaias ainda não chegaram à conclusão se ele tem ou não direito a foro privilegiado por ser senador vitalício.

A Polícia Federal afirma que Cartes é sócio dos negócios criminosos de Dario Messer. O nome da operação é por causa do tratamento dado ao doleiro ao político paraguaio, “patrón”.

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