Procurado, dono do Shopping China nega ligação com doleiro
Felipe Cogorno Álvarez e outros sete cidadãos paraguaios com ordem de prisão no Brasil continuam em liberdade no Paraguai
Os oito cidadãos paraguaios com prisão preventiva decretada ontem (19) pelo juiz federal Marcelo Bretas no âmbito da Operação Patrón – nova fase da Lava Jato – continuam em liberdade no país vizinho. Todos são acusados de dar apoio logístico e financeiro para o doleiro Dario Messer no período em que o brasileiro era procurado pela polícia dos dois países. Messer foi preso em julho deste ano, em São Paulo.
Entre os paraguaios com ordem de prisão no Brasil está o megaempresário Felipe Cogorno Álvarez, dono do Shopping China, maior loja de importados da América do Sul. Localizada em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã, a loja é o paraíso de compras dos sul-mato-grossenses e de moradores de vários outros estados brasileiros.
Em nota oficial divulgada nesta manhã, Felipe Cogorno Álvarez negou ligação com o doleiro e se disse surpreso com a ordem de prisão. “Não tenho amizade, nem relação comercial com o senhor Dario Messer. Só o conheço de âmbito social, como tantos outros empresários do país conhecem. Jamais tive algum tipo de comunicação com o senhor Messer”.
Ele também nega ter feito qualquer tipo de operação financeira com Dario Messer e com a namorada do doleiro, Myra de Oliveira Athayde.
“O único motivo pelo qual incluíram meu nome no Ministério Público do Brasil é porque um advogado que conheço da minha época de universidade em São Paulo me chamou no começo do ano e me solicitou que recomendasse uma casa de câmbio no Paraguai, momento em que sugeri a Fe Câmbios, regulada e fiscalizada pelo Banco Central do Paraguai”, explica Cogorno.
Ele encerra a nota afirmando considerar “absurdo” ter sido incluído como investigado na Operação Lava Jato e disse que se coloca à disposição das autoridades paraguaias e brasileiras para esclarecer qualquer dúvida.
A Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) do Brasil afirmam que o empresário ítalo-paraguaio, representante da Câmara de Comércio do estado de Amambay, ajudou a financiar a fuga de Dario Messer. Segundo a investigação, Cogorno visita regularmente em São Paulo outro doleiro do esquema, Najun Turner, também foragido.
Em janeiro deste ano, a PF interceptou conversa entre Najun Turner e Dario Messer falando sobre ajuda que pediriam a Cogorno para ocultar 500 mil dólares, entregues pela noiva de Dario, Myra Athayde, presa ontem pela PF.
Por orientação de Felipe Cogorno, segundo a investigação, Myra abriu uma conta na casa de câmbios Fe câmbios, em Asunción. A casa de câmbios pertence aos paraguaios Edgar Ceferino Aranda Franco e José Fermín Valdez, também com prisão decretada pelo juiz Marcelo Bretas.
Outros paraguaios – Além de Felipe Cogorno e os doleiros paraguaios Edgar Franco e José Valdez, também tiveram as prisões decretadas, mas continuam soltos no país vizinho o ex-presidente e senador vitalício do Paraguai Horacio Cartes, a advogada Letícia Bóbeda, Lucas Lucio Mereles Paredes, o empresário Roque Fabiano Silveira, que escondeu Messer em Salto Del Guairá, e Jorge Alberto Ojeda Segóvia.
Ontem, os advogados de Horacio Cartes afirmaram que ele vai se colocar à disposição da Justiça brasileira. Entretanto, as autoridades paraguaias ainda não chegaram à conclusão se ele tem ou não direito a foro privilegiado por ser senador vitalício.
A Polícia Federal afirma que Cartes é sócio dos negócios criminosos de Dario Messer. O nome da operação é por causa do tratamento dado ao doleiro ao político paraguaio, “patrón”.
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