Projeto inédito da Justiça vai atender aldeias indígenas de Amambai
Projeto lançado hoje em Amambai, município que tem mais de 30% da população de 34 mil moradores formada por índios, vai levar aos moradores das aldeias a Justiça Restaurativa. O objetivo, conforme o Tribunal de Justiça divulgou, é reparar danos e recuperar, com o envolvimento da própria comunidade, jovens autores de atos infracionais;
O lançamento foi hoje de manhã na Câmara Municipal de Amambai. A proposta, conforme o Tribunal, é inédita em no País.
O treinamento das pessoas que vão atuar no projeto começaria hoje mesmo. "Vamos começar a trabalhar imediatamente, com a capacitação de agentes de saúde, professores indígenas, enfim, pessoas que moram e trabalham nas aldeias e vivenciam no dia a dia os problemas gerados pelo consumo de álcool e de drogas pelos adolescentes indígenas", explicou o juiz responsável Thiago Tanaka.
Na semana passada, o juiz se reuniu com lideranças das aldeias Amambai, Limão Verde, Jaguary e Taquapery, para uma apresentação prévia do projeto. O magistrado pretende estender a proposta para a aldeia Taquapery, em Coronel Sapucaia.
"Muitas pessoas nos procuraram para participar do projeto. São pessoas interessadas e preocupadas com a realidade dos jovens. Teremos 15 pessoas atuando nas três aldeias, das quais já temos um panorama sobre as razões que levam os jovens a praticar os atos infracionais. O maior problema ainda é a incidência do álcool, embora a droga esteja presente nas aldeias, onde já existe até boca-de-fumo", acrescentou o juiz.
Tanaka ressaltou que as lideranças indígenas mostraram-se otimistas com o projeto e declararam apoio à sua implantação, embora todos reconheçam que os resultados não serão imediatos, mas poderão ser sentidos em médio prazo.
"A comunidade está descrente porque acredita que a justiça não chega até as aldeias. Nossa proposta é, além de restaurar a juventude indígena tratando os males que a aflige, chamar a comunidade a assumir seu papel. Uma comunidade unida será forte e se estiver enfraquecida permanecerá desacreditada. Queremos recuperar os jovens e vamos conseguir. Além dos profissionais que atuarão no projeto, temos a parceria do Ministério Público, da Defensoria e da Procuradoria da Funai", conclui.