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Interior

Segundo mais votado, vereador eleito denuncia adversário por homofobia

Eleito domingo com 2.452 votos, Franklin Schmalz vem sendo alvo de ataques nas redes sociais

Por Helio de Freitas, de Dourados | 10/10/2024 12:41
Franklin Schmalz mostra boletim de ocorrência em frente à delegacia, em Dourados (Foto: Divulgação)
Franklin Schmalz mostra boletim de ocorrência em frente à delegacia, em Dourados (Foto: Divulgação)

Primeiro vereador abertamente homossexual eleito em Dourados, Franklin Schmalz (PT) está sendo alvo de crimes de homofobia nas redes sociais e aplicativos de conversa na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul.

Eleito domingo (6) com 2.452 votos, Franklin registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil para denunciar crime de homofobia que teria sido praticado pelo motorista de ônibus Bersony de Lima Oliveira, 46, candidato a vereador pelo Republicanos e que teve apenas 50 votos.

Segundo a denúncia, Bersony utilizou seu status no aplicativo WhatsApp para compartilhar uma foto de Franklin, tirada há mais de dois anos, acompanhada da frase “os veados enrustidos de Dourados compareceram em peso pra votar”.

Franklin afirma que além dele, Bersony também teria atacado a vereadora eleita mais bem votada em Dourados, Isa Jane Marcondes, também do Republicanos, que teve 2.992 votos. Isa é dona de um bordel de luxo em Dourados e fez campanha se apresentando como “a dona da zona”.

O print da postagem de Bersony teria circulado em diversos grupos. Segundo a assessoria de Franklin, novas ofensas estão sendo proferidas contra ele por outros indivíduos, inclusive ex-candidatos que não obtiveram sucesso na eleição. O conteúdo ofensivo será anexado à denúncia para representação criminal.

Franklin criticou os ataques por sua orientação sexual. Para ele, essas manifestações preconceituosas não são novidade, mas, neste caso, evidenciam a dificuldade de aceitar que um jovem, LGBT e de esquerda tenha obtido a segunda maior votação, superando políticos tradicionais da cidade.

“Minha trajetória é marcada pela resistência e pela superação, o povo reconheceu nossa campanha como projeto capaz de trazer perspectiva de mudança para Dourados. A população douradense nos confiou um mandato e não vamos nos abalar com o ódio de adversários que não tiveram expressividade eleitoral e agora estão ressentidos”, afirmou o vereador eleito.

Franklin disse que não é a primeira vez que enfrenta comentários de ódio nas redes sociais. Em 2022, quando se candidatou a deputado federal, também precisou registrar queixas contra perfis por campanha de ofensas e homofobia nas redes, incluindo ameaças de agressão e até de morte.

A LGBTfobia é considerada crime no Brasil desde 2019, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) a equiparou a crimes de racismo previstos na Lei nº 7.716/89.

Vida de luta – Nascido no Rio Grande do Sul, Franklin Schmalz da Rosa tem 29 anos de idade e se mudou para Dourados em 2013, para estudar Relações Internacionais na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Formado em 2018, concluiu o mestrado em Sociologia em 2020.

Franklin foi presidente do grêmio estudantil, atuou na Pastoral da Juventude e teve militância destacada na luta pelo passe-livre e em protestos contra medidas dos governos Temer e Bolsonaro. Foi presidente do Conselho Municipal da Juventude de Dourados e organizador da Parada LGBT+ (2019 e 2020).

Também coordenou o Comitê de Defesa Popular durante a pandemia e atuou em movimentos pela defesa dos parques e áreas verdes da cidade. Com o projeto “Muda Dourados”, já plantou e doou pelo menos 500 mudas de árvores nativas e frutíferas na área urbana e em comunidades indígenas de Dourados.

O Campo Grande News ainda não conseguiu contato com Bersony de Lima Oliveira. O espaço segue aberto.

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