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Política

Pela 1ª vez, Dourados e Campo Grande elegem vereadores com bandeira LGBT+

Franklin Schmalz e Jean Ferreira, foram os únicos eleitos que se declararam gays no TSE durante a candidatura

Por Clara Farias | 07/10/2024 13:44
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Franklin Schmalz, à esquerda, foi eleito com 2.452 votos em Dourados; À direita, Jean Ferreira comemora vitória em Campo Grande (Foto: Reprodução/Paulo Francis)
Franklin Schmalz, à esquerda, foi eleito com 2.452 votos em Dourados; À direita, Jean Ferreira comemora vitória em Campo Grande (Foto: Reprodução/Paulo Francis)

Com 40 mil pessoas que se declaram homossexuais ou bissexuais em Mato Grosso do Sul, finalmente a pauta LGBT terá visibilidade na Câmara de Vereadores de Campo Grande e de Dourados, a segunda maior cidade do Estado. Neste domingo (6), Franklin Schmalz e Jean Ferreira, ambos do Partido dos Trabalhadores, foram eleitos em Dourados e na Capital. Em entrevista ao Campo Grande News, os dois afirmam que a votação expressiva só foi possível com o apoio popular e a confiança no projeto político.

Conforme a plataforma "Vote LGBT", 225 candidatos que se declaram lésbicas, gays, bissexuais, assexuais ou pansexuais foram eleitos no Brasil. Esses candidatos representam 2,9 milhões de pessoas LGBTs no país, segundo levantamento do IBGE (Instituto de Geografia e Estatística), divulgado em 2019. Os únicos que levantam a bandeira e foram eleitos em Mato Grosso do Sul, neste ano, são gays e cisgêneros (se identificam com o gênero que nasceu e se relacionam com pessoa do mesmo sexo).

Eleito em Dourados, Franklin Schmalz, de 29 anos, foi o segundo mais votado do município, com 2.452 votos. Para ele, o resultado é uma expressão da luta que começou a anos atrás. "Isso é uma resposta à velha política, aos coronéis e à extrema direita porque nós nunca escondemos nossas bandeiras, temos orgulho da nossa luta LGBT", afirmou. Franklin Schmalz também se candidatou para vereança em 2020 pelo Psol (Partido Socialismo e Liberdade), a deputado federal em 2022, e este ano garantiu a vaga.

Franklin Schmalz (PT) durante campanha em Dourados, a 251 quilômetros da Capital (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Franklin Schmalz (PT) durante campanha em Dourados, a 251 quilômetros da Capital (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

"Dourados é uma cidade considerada conservadora, onde algumas violências são recorrentes, o preconceito, o machismo, o racismo contra as pessoas negras e indígenas. Nesse contexto, ser um político assumidamente gay, e ter a segunda maior votação, é uma demarcação de posição, é um sinal de que nós temos apoio popular e temos espaço na política. Mas pra chegar até aqui nós construímos muitas lutas nos últimos anos, no movimento LGBT foram muitos enfrentamentos", exemplificou ele.

Na Capital, com 3.768 votos, Jean Ferreira é o vereador mais jovem eleito. Segundo ele, a ficha ainda não caiu. Para ele, ser o primeiro LGBT 'assumido' a ter uma cadeira na Câmara de Vereadores de Campo Grande é mostrar que levantar a bandeira significa ter apoio. "Não é só ódio, não é só morte, não é só preconceito. A gente existe, se a gente se organizar a gente consegue conquistar tudo", afirmou.

As principais pautas defendidas por Jean é clima, diversidade, e "rolê". "São pautas que precisavam ser discutidas de forma politizada. A gente sentia que a população queria renovação, e foi nessa onda que a gente adaptou nosso discurso", contou ele.

Jean Ferreira (PT), após apuração dos votos em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Jean Ferreira (PT), após apuração dos votos em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

Para o primeiro ano de mandato, os vereadores caminharam de forma diferente. Jean diz que enfrentará a velha política "descendo do salto", e ouvindo as pessoas mais experientes. "Eu tenho certeza que eu vou andar com cuidado, porque eu vou sempre estar me aconselhar dos meus parceiros do PT, da política para fazer um mandato responsável, técnico e experiente", finalizou.

Já Franklin pretende fazer um mandato "atento e vigilante", com diálogo com movimentos sociais, sociedade civil organizada e com colegas de chapa. "Precisaremos estar muito atuantes para fiscalizar e cobrar desse futuro governo. Não sabemos o que esperar de um candidato que faltou a todos os debates e se esconde atrás do microfone da rádio", disse. Segundo ele, enfrentar a velha política e os "coronéis" faz parte do DNA dele e do Partido dos Trabalhadores.

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