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Interior

Sindicato culpa governo por execuções de jornalistas na fronteira

Dos 20 jornalistas assassinados em 30 anos no Paraguai, investigação só chegou ao mandante em um caso

Helio de Freitas, de Dourados | 08/09/2022 10:23
Humberto Coronel, no estúdio da rádio Amambay AM; ele foi morto terça-feira (Foto: Reprodução)
Humberto Coronel, no estúdio da rádio Amambay AM; ele foi morto terça-feira (Foto: Reprodução)

O Sindicato dos Jornalistas do Paraguai culpa o governo daquele país pelos assassinatos de profissionais de comunicação ocorridos principalmente na fronteira com Mato Grosso do Sul, onde o crime organizado impera.

Após a execução do radialista e jornalista Humberto Coronel, 33, ocorrido terça-feira (6) em Pedro Juan Caballero, chega a 20 o número de comunicadores assassinados no Paraguai desde 1991.

Segundo o SPP (Sindicato de Periodistas del Paraguay), a morte do repórter do jornal ABC Color Pablo Medina é a única completamente esclarecida, com a prisão e condenação dos autores materiais e intelectuais. De todos os outros crimes, três foram apenas parcialmente esclarecidos e 16 continuam impunes até hoje.

Pablo Medina e sua ajudante, Antonia Almada, foram mortos a tiros em outubro de 2014 em Curuguaty, povoado a 65 km do município de Paranhos (MS). Vilmar Acosta Marques, o Neneco, ex-prefeito de Ypehjú, foi condenado a 39 anos de prisão como mandante dos assassinatos.

Santiago Ortíz, secretário-geral do SPP, lembra que o Estado paraguaio foi condenado no ano passado pela Corte Interamericana de Diretos Humanos pela execução do jornalista Santiago Leguizamón, em Pedro Juan Caballero, em 1991.

Segundo ele, ao condenar o Estado paraguaio, a Corte Internacional determinou que o governo do país vizinho adotasse medidas para garantir a segurança de outros jornalistas ameaçados, como era o caso de Humberto Coronel.

“O Estado tinha conhecimento porque nós o informamos. O que ocorreu foi violação de direitos humanos, por isso afirmamos que esse crime foi por inação do Estado”, afirmou Santiago Ortíz.

No dia do crime, a Polícia Nacional informou que Humberto Coronel havia recusado proteção policial após as ameaças que sofreu em junho deste ano. Segundo o representante sindical, o radialista não confiava nos policiais. “A polícia local é um fracasso em gerar confiança em quem tem que proteger”, afirmou Ortíz.

Dois policiais designados para reforçar a segurança perto da emissora estavam a 30 metros do posto de onde deveriam estar no momento em que o pistoleiro de moto se aproximou e matou Humberto com 8 tiros de pistola 9 milímetros.

Amigos e familiares acompanham corpo de Humberto Coronel, ontem em Horqueta (Foto: ABC Color)
Amigos e familiares acompanham corpo de Humberto Coronel, ontem em Horqueta (Foto: ABC Color)

Enterro – Locutor da rádio Amambay 570AM em Pedro Juan Caballero, Humberto Coronel também era dono e repórter do site Mbykymi Notícias, que ele fundou em Pedro Juan Caballero.

O corpo do radialista foi enterrado ontem (7) em Horqueta, no departamento de Concepción. O sepultamento foi em cemitério localizado perto da casa de seus pais. “Minha família está destroçada”, disse Gloria Coronel, uma dos oito irmãos do radialista.

Dionisio Coronel, pai de Humberto, disse que não pede nada às autoridades, pois tem plena consciência que o crime não será esclarecido, assim como vários outros ocorridos na fronteira.

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