Só cooperação de vizinhos segura contrabando, admite secretário da Receita
Robinson Sakiyama Barreirinhas esteve em Dourados para balanço da Operação Fronteira RFB
O secretário especial da Receita Federal do Brasil, Robinson Sakiyama Barreirinhas, admitiu hoje (5) que só com a cooperação dos países vizinhos, especialmente Paraguai e Bolívia, será possível conter o contrabando e descaminho de produtos ilegais que entram no território brasileiro.
Barreirinhas esteve na tarde desta quinta-feira (5) em Dourados, a 251 km de Campo Grande, para apresentar balanço da Operação Fronteira RFB, iniciada no dia 25 de setembro e que termina nesta sexta-feira (6) em toda a faixa de fronteira brasileira com o Paraguai e a Bolívia.
“A repressão é necessária, tem função efetiva e dissuasiva, mas é evidente que o problema é maior, mais grave. Já temos na Aduana, com trabalho de inteligência, a elaboração de um plano de atuação conjunta com nossos países vizinhos. Há questão econômica ligada a esse problema. Reconhecemos que esse nosso trabalho de repressão não vai ser conclusivo sem um tratado maior de cooperação com nossos vizinhos”, afirmou.
Segundo ele, ações mais efetivas, para conter atividades ilegais como o contrabando e o tráfico de drogas exigem inclusive maior cooperação econômica. “Nossos países vizinhos, muitas vezes, precisam de apoio para mudar de uma atividade econômica para outra, que não traga riscos à nossa fronteira”, disse Barreirinhas, durante entrevista coletiva na 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada do Exército.
Ainda conforme o secretário especial, a Receita Federal tem atuado com o Ministério de Relações Exteriores, com embaixadores e representantes dos países vizinhos. “No máximo no ano que vem, creio que teremos plano mais amplo de cooperação com esses países na busca de solução estrutural no âmbito da América Latina e de interesse inclusive de outros continentes”.
Além de Robinson Barreirinhas, participaram da entrevista os superintendentes da 1ª Região Fiscal (GO, DF, MS, MT e TO) Antônio Henrique Lindemberg Baltazar e da 9ª Região Fiscal (Paraná e Santa Catarina), Claudia Regina Leão do Nascimento Thomaz.
Também estavam presentes o comandante da 4ª Brigada, general Marcello Yoshida; o delegado titular da Polícia Federal em Dourados, Alexander Taketomi; o chefe da Polícia Rodoviária Federal em Dourados, inspetor Waldir Brasil; e o comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), coronel Everson Antonio Rozeni – instituições parceiras da Receita nessa operação.
Balanço – Segundo Antônio Baltazar, essa edição da operação atuou forte no trecho da fronteira do sul do Paraná até o norte de Mato Grosso do Sul, com atenção especial a Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, Guaíra, Mundo Novo, Dourados e Corumbá.
Até a manhã desta quinta, a Receita havia contabilizado em R$ 76 milhões o prejuízo provocado ao crime organizado que explora o contrabando, descaminho e tráfico de drogas e de armas.
“Desse valor, mais de 33 milhões de reais são de mercadorias que entram ilegalmente no território brasileiro. Entre essas mercadorias, destacamos o cigarro. Só nessas duas semanas, foram apreendidas mais de 150 mil caixas de cigarro, causando a retirada de produto extremamente nocivo à saúde pública”, afirmou Baltazar.
Segundo o superintendente, o contrabando é visto por muitos como crime menor, pequeno. “Mas não é, esse crime causa mal enorme para a saúde pública e para a economia brasileira. O contrabando e o descaminho financiam grandes organizações criminosas. Volto a repetir: não é um crime comum”.
A operação apreendeu também R$ 43 milhões em drogas, sendo 10 toneladas de maconha e 500 quilos de cocaína, entre os quais os 4 quilos de cocaína preta, apreendidos em Corumbá. “Esse tipo de droga é bastante raro e visa impedir a detecção por cães farejadores”, explicou Baltazar.
Foram apreendidos, durante a operação, 136 veículos usados no transporte de produtos ilícitos e presas 47 pessoas em flagrante, sendo 27 por contrabando e descaminho e 20 por tráfico de drogas e armas.
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