Terreno em condomínio de luxo está entre bens confiscados de “Barão da Droga”
Terreno de Jarvis Gimenes Pavão fica no condomínio fechado Blue Lagoon, em Pedro Juan Caballero
Agentes antidrogas, promotores de Justiça e equipes do patrimônio público do governo paraguaio fazem arrastão nesta terça-feira (7) para apreender imóveis pertencentes à organização criminosa liderada pelo narcotraficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão, conhecido como “Barão da Droga”.
Entre os bens confiscados na segunda fase da Operação Pavo Real estão um terreno em condomínio de luxo e barracões onde funcionavam distribuidoras de bebidas em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia separada por uma rua de Ponta Porã (MS). Veja acima o vídeo com imagens dos imóveis.
Localizado no condomínio fechado Blue Lagoon, o terreno de alto valor está registrado em nome da empresa Exel S.A. Segundo a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), a empresa faz parte da organização criminosa que por 30 anos acumulou patrimônio bilionário com o comércio de cocaína.
Na operação de hoje, 26 imóveis urbanos e rurais estão sendo confiscados em cinco departamentos: Amambay, Central, Alto Paraná, San Pedro e Concepción.
Casas de luxo – Entre os bens confiscados estão casas luxuosas, fazendas, prédios, lojas e terrenos, que passam para o controle da Senabico (Secretaria Nacional de Administração de Bens Apreendidos e Perdidos), órgão do governo responsável pela administração de patrimônios confiscados do crime organizado.
Todos os bens confiscados estão em nome de “laranjas” e “testas de ferro” usados pela organização para branqueamento de patrimônio adquirido com dinheiro do narcotráfico.
Conforme a Senad, a investigação financeira e patrimonial, feita em conjunto com a Polícia Federal brasileira, permitiu identificar o patrimônio confiscado hoje. As propriedades estavam em nome de familiares de Jarvis Pavão, de empresas e de advogados que operavam sob as ordens do patrão.
Em Amambay, os mandados estão sendo cumpridos em Pedro Juan Caballero e nas colônias Chiriguelo e Kokue Guazú. No departamento Central, há bens confiscados em San Lorenzo, Lambaré e Villeta
Em Alto Paraná, foi confiscada uma propriedade em Ciudad del Este. Em San Pedro, há mandados em uma propriedade em Santa Rosa del Aguaray. Já em Concepción, foi confiscada uma fazenda em Paso Hû, no distrito de Yby Yaú.
No Brasil – Em território brasileiro, a PF desencadeou três fases da Operação Pavo Real, a mais recente em 22 de novembro do ano passado, para cumprir 16 mandados de busca e apreensão em Rondônia, Mato Grosso do Sul, Bahia, Santa Catarina e Distrito Federal, além do sequestro de 16 veículos e 66 imóveis que permaneciam na posse do grupo criminoso. Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal em Porto Velho (RO).
As investigações começaram em fevereiro de 2019, após constatação da existência de organização criminosa voltada para ocultar o patrimônio obtido com o tráfico internacional de drogas. A rede era composta, em grande parte, pelos familiares de Jarvis Pavão, na época recolhido na penitenciária de segurança máxima de Porto Velho. Atualmente ele está na Penitenciária Federal de Brasília.
Quando Jarvis Pavão ainda estava em Porto Velho, policiais penais federais apreenderam na cela dele, bilhetes escritos a mão contendo anotações de diversos imóveis identificados apenas por siglas e codinomes, tanto no Brasil quanto no exterior.
Segundo a PF, com a liderança exercida por Jarvis e seu filho, Luan Nascimento Pavão, a organização se manteve unida para controlar o tráfico internacional de drogas na fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
Em junho de 2019, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação para cumprir mandados de busca em imóveis de alto padrão em Porto Velho, alugados pelos familiares de Jarvis. Naquela fase, houve a apreensão de arma, munições e diversos documentos e equipamentos eletrônicos que reforçaram o esquema de lavagem de capitais.
A segunda fase da operação foi deflagrada em julho de 2020, com o apoio do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e da Receita Federal, para desmantelar financeiramente a organização dedicada à lavagem e ocultação de bens.
À época foram cumpridos 21 mandados de prisão e cinco mandados de prisão domiciliar, em razão das investigadas possuírem filhos menores de 12 anos de idade, além de 67 mandados de busca e apreensão.
Também na segunda fase, a Justiça Federal determinou o sequestro 17 veículos de luxo, avaliados em R$ 2,3 milhões, além do sequestro de todos os veículos em nome e em uso dos investigados e cerca de 50 imóveis, com valores que superam R$ 50 milhões.
Mesmo sem a apreensão de qualquer substância entorpecente ao longo da investigação, a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 302 milhões das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e a suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas pela organização criminosa para a movimentação dos valores ilícitos.
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