MP oferece material da Lucro Fácil para investigações da Polícia Federal
Promotoria também pediu à Justiça que ação contra MinerWorld volte a tramitar em sigilo
O MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) ofertou o material apreendido na operação Lucro Fácil, que investiga suspeita de pirâmide, para o MPF (Ministério Público Federal) e PF (Polícia Federal). “Ambos responsáveis pela apuração de eventual conduta criminosa ocorrida no bojo do 'empreendimento' MinerWorld”. A empresa é mineradora de bitcoins, a mais conhecida das criptomoedas.
De acordo com o processo, a Justiça autorizou o compartilhamento do material apreendido. Os ofícios para as instituições foram enviados no dia 18 de abril pelo promotor Luiz Eduardo Lemos de Almeida. O documento informa que o material angariado na Lucro Fácil pode ser utilizado no inquérito policial 312/2017, em trâmite na superintendência da Polícia Federal.
A promotoria solicitou à Justiça que a ação civil coletiva, que tramita na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, volte a ficar em sigilo. A justificativa é de que serão anexados extratos bancários e declarações de Imposto de Renda.
A Minerworld, Cícero Saad Cruz e Jonhnes de Carvalho Nunes pediram que o processo volte a tramitar em segredo de Justiça. Conforme a defesa, será mencionado o nome de um funcionário que esteve diretamente ligado ao acontecimento que elucida o bloqueio de uma suas carteiras de bitcoins, evento responsável pela atual situação financeira da empresa.
A operação Lucro Fácil foi realizada em 17 de abril pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Os mandados foram cumpridos nas sedes das empresas Minerworld, Bit Ofertas e Bitpago, em Campo Grande e São Paulo, além das residências dos respectivos sócios.
A ação resultou na apreensão de agendas, cadernos, comprovantes de depósito bancário, nota promissória e revistas. O juiz David de Oliveira Gomes Filho determinou o bloqueio de R$ 300 milhões.
Pirâmide – A suspeita de pirâmide foi denunciada à CVM (Câmara de Valores Imobiliários), que acionou o MP/MS no ano passado. A Câmara de Valores Mobiliários concluiu que a MinerWorld aparenta dispor proposta fraudulenta com características de pirâmide financeira.
Como exigência de pagamento inicial; promessa de retorno financeiro extraordinário, no total de até 100% ao ano; oferta de aumento dos ganhos com a indicação de novos afiliados, no valor de 10% por indicação direta na “Rede de Afiliados”; falta de informações sobre riscos envolvidos na atividade; e ausência de maiores informações acerca da própria empresa.
Nunca foi - MinerWorld nega a irregularidade e afirma ter sido vítima de uma fraude que rendeu prejuízo na ordem de R$ 23,8 milhões. O problema teria ocasionado as reclamações dos investidores que, desde o ano passado, alegam não conseguirem realizar saques de seus investimentos. Em nota, a empresa informou que “não é, nem nunca foi, uma pirâmide financeira”.