ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 24º

Cidades

Na prisão há oito anos, ‘maníaco da cruz’ faz faculdade e planeja futuro

De acordo com laudo de equipe médica, o rapaz está em ‘bom estado geral, é lúcido, orientado e não tem tido delírios ou alucinações'

Luana Rodrigues | 15/05/2017 17:13
Dyonathan Celestrino aos 16 anos, pouco antes de ser apreendido. (Reprodução/ Facebook)
Dyonathan Celestrino aos 16 anos, pouco antes de ser apreendido. (Reprodução/ Facebook)

Sob a ótica da medicina, Dyonathan Celestrino, 25 anos, que em 2008 ficou conhecido como “Maníaco da Cruz”, está em 'bom estado geral'. Preso em regime fechado há pouco mais de oito anos, ele não permaneceu ocioso durante o período em que está na cadeia.

O rapaz, que naquela época assassinou três pessoas em uma espécie de 'ritual macabro', fez faculdade de Gestão Ambiental e planeja cursar uma pós-graduação.

Desde 2014, Dyonathan está sob internação compulsória, ou seja, é mantido preso e ao mesmo tempo internado para tratamento, por medida de segurança estabelecida pela Justiça. E não mais apreendido como medida socieducativa, cumprida por ele até os 21 anos, referente aos crimes que cometeu.

“Houve uma avaliação de periculosidade. Na época, havia um laudo dizendo que não havia motivos para ele continuar preso e outro dizia o contrário. A Justiça considerou que era melhor deixá-lo em medida de segurança. Alguém que matou tanta gente, quem iria correr o risco de ver ele matar de novo?”, disse o agora procurador de Justiça Sérgio Harfouche, que na época era promotor da Vara da Infância e Juventude.

O que garante a permanência de Dyonathan na prisão são laudos de uma equipe multidisciplinar, avaliados pelo juiz sempre que o prazo de permanência dele internado vence.

Bom comportamento - De acordo com o último relatório trimestral de atendimento da equipe multidisciplinar do Instituto Penal de Campo Grande, onde Dyonathan está preso atualmente, referente aos meses de fevereiro a abril de 2017, o rapaz está em ‘bom estado geral’. É lúcido, orientado e não tem tido delírios ou alucinações. “(Dyonathan) Nega estar usando drogas. Estabelecendo melhor contato, dialogando mais e com discurso coerente no momento”, escreveram os responsáveis pela equipe.

Além disso, conforme o documento, durante três vezes por semana, o interno frequenta a sala de acesso a EAD (Educação à Distância), onde faz o curso de Gestão Ambiental da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).

Em março deste ano, ele fez a última prova para conclusão da graduação e, de acordo com os técnicos, faz planos para cursar pós-graduação após o término.

Segundo o relatório, uma vez por semana o interno fala com a mãe por telefone e ‘mantém convívio adequeado com as normas da unidade’, mesmo toma dose mensal de Haldol Decanoato, um medicamento recomendado para uso em pacientes psicóticos crônicos, que requerem terapia antipsicótica parenteral.

O laudo que atribui a Dyonathan um “bom comportamento”, é assinado por uma médica psiquiátrica, Elimar Nascimento Coelho; uma assistente social, Laurene Costa Oliveira; a enfermeira Renata Terumi Shiguematsu Yassuda; além do diretor do presídio, Fulvio Ramires da Silva.

Condições para liberdade - Desde que foi preso, o caso de Dyonathan segue em segredo de Justiça. O Tribunal não dá informações sobre os processos que o envolvem. A adta para  a próxima avaliação pela qual Dyonathan deve passar, por exemplo, é um mistério. E os juízos do caso afirmam que não são autorizados a dar entrevista.

Ocorre que, segundo o procurador Harfouche, com as 'boas avaliações', a Justiça pode entender que Dyonathan deve ser solto e há grandes chances disto ocorrer logo.

“O juiz não pega apenas um laudo, de apenas um psiquiátra, ele analisa um complexo de questões, opiniões de um corpo clínico, vários psiquiátras. Mesmo assim, acho uma irresponsabilidade muito grande de alguns profissionais da saúde mental atestarem que ele esteja apto a sair. É como já disse, quem pode garantir que ele não praticará os crimes de novo?”, afirmou.

Imagens que Dyonathan postava em seu perfil no Facebook). (Foto: Reprodução/ Facebook)
Imagens que Dyonathan postava em seu perfil no Facebook). (Foto: Reprodução/ Facebook)
Cena de crime praticado por Dyonathan. (Fotos: 94FM Dourados)
Cena de crime praticado por Dyonathan. (Fotos: 94FM Dourados)
Cena de crime praticado por Dyonathan.(Fotos: 94FM Dourados)
Cena de crime praticado por Dyonathan.(Fotos: 94FM Dourados)

Histórico de violência - Aos 16 anos, Dyonathan matou três pessoas. A primeira vítima foi um pedreiro Catalino Gardena, que era alcoólatra. O crime foi em 2 de julho de 2008. A segunda vítima foi a frentista homossexual Letícia Neves de Oliveira, encontrada morta em um túmulo de cemitério, no dia 24 de agosto.

A terceira e última vítima foi Gleice Kelly da Silva, de 13 anos, encontrada morta seminua em uma obra, no dia 3 de outubro daquele ano. Dionathan foi apreendido em 9 de outubro, seis dias após o último assassinato.

Ele chegou a fugir da Unei de Ponta Porã, no dia 03 de março de 2013, mas foi recapturado em 27 de abril 2013, pela Polícia Nacional do Paraguai, na cidade de Horqueta. O rapaz foi entregue à Polícia Civil de Ponta Porã e levado para a delegacia.

Depois veio para Campo Grande, onde ficou alguns dias na 7ª DP, e em seguida foi internado na Santa Casa de Campo Grande para exames. Durante o tempo em que esteve no hospital, ficou isolado e sob escolta policial e teve alta psiquiátrica no dia 23 de maio de 2013.

O jovem só foi encaminhado ao presídio após a Justiça rever a decisão e determinar a permanência dele em uma ala de saúde do estabelecimento penal.

Surtos e ameaças - No ano passado, Dyonathan teve alguns surtos no presídio, em um deles, ameaçou agentes penitenciários e se negou a voltar para a cela dele, desobedecendo diversas ordens.

Quando lhe disseram que iria à força, ele passou a xingar os agentes e a ameaçar todos que ali estavam com um garfo. "Quero ver quem vai me obrigar a entrar naquela cela", disse Dyonathan.

Depois, tentou atingir os agentes o garfo, socos e chutes quando eles o imobilizaram, o levando para a cela. Lá, ele passou a gritar: "eu mando na cadeia, eu mando no juiz, na promotora, eu dou Ibope pra TV".

Nos siga no Google Notícias