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Cidades

Operação contra PCC teve como alvos 16 presidiários, inclusive Tio Arantes

No total, 27 mandados de prisão foram cumpridos hoje, boa parte deles em 6 presídios do Estado.

Geisy Garnes e Anahi Zurutuza | 12/06/2018 16:15
Foto de Tio Arantes em 2006, durante prisão em Campo Grande. (Foto: Arquivo)
Foto de Tio Arantes em 2006, durante prisão em Campo Grande. (Foto: Arquivo)

A Operação Paiol, desencadeada nesta terça-feira (12) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) contra integrantes do PCC, também cumpriu 16 mandados de prisão dentro de 6 presídios. Um dos alvos foi José Cláudio Arantes, o Tio Arantes, apontado como um dos principais líderes da facção criminosa em Mato Grosso do Sul.

Foram expedidos ordens contra internos do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Presídio Irmã Irma Zorzi (feminino da Capital), na PED (Penitenciária Estadual de Dourados) - onde está Tio Arantes -, no Presídio Federal de Campo Grande e no Presídio de Amambai.

Tio Arantes cumpre pena em Dourados, por envolvimento em assalto a bancos em Campo Grande no ano passado, mas agora também vai responder por organização criminosa, tráfico de drogas, roubo, tráfico de armas e lavagem de dinheiro.

Segundo as investigações que começaram em 2017, Arantes continuava comandando crimes de dentro da penitenciária e dando ordens para as ações da facção, diz a promotora Cristiane Mourão, chefe do Gaeco.

Na manhã desta terça-feira, mulher que seria esposa de Tio Arantes, Tânia de Moura, foi presa em Campo Grande, suspeita de ser a responsável pelas finanças do PCC no Estado. O grupo desarticulado hoje é apontado como responsável por abastecer a facção com armamentos.

Durante todo o dia, no total foram cumpridos 27 mandados de prisão dentro da Operação Paiol.

Tânia de Moura também foi presa e seria a esposa de Tio Arantes.
Tânia de Moura também foi presa e seria a esposa de Tio Arantes.

Crimes - Tio Arantes é um dos condenados pela morte do advogado William Maksoud Filho, em 2006. Muito antes disso, no entanto, ele já respondia por uma tentativa de homicídio e também ao roubo de um banco no centro de Campo Grande.

Já considerado um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), ele foi enviado à Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande para cumprir pena pela morte do advogado, e em poucos meses na unidade foi responsável por liderar a maior rebelião já vista no Estado, em maio de 2006.

A rebelião começou em São Paulo, chegou a Mato Grosso do Sul e se espalhou por quatro cidades do Estado, Corumbá, Dourados, Três Lagoas e na Capital. Foi Máxima de Campo Grande, que uma das cenas mais emblemática daquele 14 de maio aconteceu.

Um grupo de presos ligados ao PCC em cima do telhado da unidade, e nas mãos uma cabeça decapitada e carbonizada, amarrado por uma camiseta. O preso, mais tarde foi identificado como o interno Fernando Aparecido do Nascimento Eloy.

Mesmo sendo identificado como a liderança do episódio de terror, Tio Arantes ficou pouco tempo no regime fechado e já cumpria pena no semiaberto quando voltou a ser preso em 2010, desta vez em uma operação do Gaeco, em que foi apontado como suspeito de comandar um esquema de tráfico de drogas de dentro da Colônia Penal.

Na ação, nove pessoas ligadas à facção, foram presas, entre elas o genro, a mulher - na época Ana Aparecida Pires da Silva - e a filha de Arantes. Na operação, um plano para matar o então diretor da PED (Penitenciária Estadual de Dourados) Joel Rodrigues Ferreira, foi descoberto. Além disso, foram apreendidos quase uma tonelada de droga, armas, dez celulares, veículos e quinze contas bancárias ainda acabaram bloqueadas na ação.

Em 2012, mais uma vez, ele foi transferido da Máxima para a PED. Dois anos depois, recebeu o benefício de progressão de pena, voltou para o semiaberto, pouco depois voltou a ser liberado. No dia 22 de abril de 2016, Tio Arantes foi flagrado com três quilos de pasta base de cocaína e uma arma de fogo no Bairro Zé Pereira e voltou para a cadeia.

Menos de um anos depois, em janeiro do ano passado, quando já cumpria pena no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, foi absolvido pelo crime de tráfico de drogas e voltou às ruas. Em outubro, Arantes voltou a ser investigado pela polícia, dessa vez pela explosão dos caixas eletrônicos do Banco do Brasil, dentro do Parque de Exposições Laucídio Coelho.

A prisão veio no dia 24 de outubro, em uma ação do Batalhão de Choque. Na data, o líder do PCC já era apontado como mentor do crime pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e estava com um mandado de prisão preventiva decretado.

Durante a prisão, os policiais ainda encontraram um celular roubado de uma loja de departamento em Três Lagoas e autuaram Tio Arantes em flagrante por receptação. Ele teve a prisão preventiva decretada pelo crime e em fevereiro deste ano, foi novamente transferido para a PED, sua terceira passagem pela unidade.

Na quarta-feira passada, dia 6 de junho, Tio Arantes passou por audiência pelo crime de receptação e ganhou a liberdade provisória. Um alvará de soltura foi expedido e cumprido no dia seguinte, mas o suspeito permaneceu preso na unidade por conta do furto aos caixas eletrônicos na Capital.

Além das várias passagens, ligações interceptadas durante a Operação Fénix, deflagrada pela Polícia Federal, provaram a ligação entre Tio Arante e o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. As investigações apontaram o envolvimento durante o período em que ambos estavam presos no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.

A operação realizada em 2007 durou um ano e meio, as apreensões totalizaram 753 quilos de cocaína, quase quatro toneladas de maconha, 50 quilos de crack, 21 quilos de haxixe, quatro pistolas, duas metralhadoras, dois fuzis, R$ 150 mil em cheques e dinheiro, 11 carros, dois caminhões e um avião.

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