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Cidades

Operação flagra acerto entre investigados para ludibriar fiscalização

A organização criminosa é investigada por tentar dificultar a ação de órgão fiscalizador

Aline dos Santos | 25/01/2018 13:07
HU foi um dos alvos da operação Again nesta quinta-feira. (Foto: André Bittar)
HU foi um dos alvos da operação Again nesta quinta-feira. (Foto: André Bittar)

Áudios da operação Again, realizada pela PF (Polícia Federal) nesta quinta-feira (dia 25) mostram investigados tentando ludibriar os órgãos de fiscalização, por meio de combinação sobre que documentos apresentar para a CGU (Controladoria-Geral da União).

A preocupação era de que o esquema, com prejuízo de R$ 3,2 milhões, fosse descoberto. As fraudes são no HU (Hospital Universitário) de Campo Grande e no HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian.

Outra combinação foi para adequar o estoque de um dos hospitais. No primeiro dia de contagem, a fiscalização apontou número abaixo do que deveria ter, situação normalizada rapidamente no dia seguinte. A organização criminosa é investigada por tentar dificultar as fiscalizações.

Os 20 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande, Dourados e Belém (Pará). As equipes passaram pelo HU, HR, Hospital da Cassems, em um condomínio de luxo, nas empresas Amplimed e QL Med. Segundo a investigação, não há envolvimento da direção dos hospitais.

A Amplimed e QL Med são fornecedoras de stents, utilizados em procedimentos cardíacos, e são apontadas como vencedoras de licitações fraudadas. Os editais tinham cláusulas restritivas e exigências que resultavam em desclassificação das concorrentes.

Num dos casos, o produto deveria ser em aço inoxidável, mas acabou fornecido em cromo-cobalto. No entanto, o inusitado é que uma empresa foi desclassificada justamente porque ofertou o produto em cromo-cobalto.

Médico e empresário – A PF investiga a ligação entre o médico Mércule Pedro Paulista Cavalcante, autoridade máxima no setor de hemodinâmica do HU, e do empresário Pablo Augusto de Souza Figueiredo, dono da Amplimed, que tem sede no Pará. Ambos terão que usar tornozeleira eletrônica. Nesta quinta-feira, o médico se negou a ir à superintendência da Polícia Federal para depor.

É investigado pagamento de viagens e veículos de luxo (com valor acima de R$ 200 mil) pela empresa ao médico. Está confirmado que foram custeadas viagens nacionais, com possibilidade de ser congresso na área médica. Já uma viagem dos dois, acompanhados das famílias, para Miami está em investigação.

Mércule também é dono de clínica Intercath Centro de Diagnósticos e Intervenção Cardiovascular Ltda., que funciona no Hospital da Cassems, e trabalha na Clínica Campo Grande. Na consulta on-line disponibilizada pela Receita Federal, ele também aparece como sócio da Endocath Diagnósticos e Tratamentos Ltda., localizada em Dourados.

Ao todo, são oito investigados, que vão responder por corrupção ativa e passiva, peculato e fraude à licitação. A reportagem não conseguiu contato com os citados na matéria.

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