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Cidades

Pacientes encaram viagens longas à Capital e ignoram hospitais locais

Fabiano Arruda | 29/03/2011 17:30

Mais de 10% dos atendimentos na Santa Casa de Campo Grande em março foram de pacientes o interior

O número de encaminhamentos de pacientes do interior de Mato Grosso do Sul para a Santa Casa de Campo Grande reflete um problema antigo na saúde pública.

Pacientes encaram viagens longas e, na maioria das vezes, ignoram o atendimento dos hospitais nas cidades em que moram.

Em Paranaíba, por exemplo, muitos preferem encarar 422 quilômetros de viagem para Campo Grande ao invés de 180 quilômetros para Três Lagoas, ou mesmo, o mais simples, ir à Santa Casa de Misericórdia do município.

Cento e um pacientes de Coxim encararam uma viagem de cerca de três horas por que não conseguiram atendimento no Hospital Regional do município ou o ignoraram. E desse número 15 foram casos de internação e 25 de urgência ou emergência.

Cinquenta e quatro pessoas viajaram cerca de cinco horas de Corumbá para a Capital em busca de atendimento na Santa Casa, enquanto 29 pacientes não quiseram recorrer ao Hospital Auxiliadora de Três Lagoas e vieram para Campo Grande.

Em Corumbá, o vereador Oseas Ohara (PMDB) culpa a administração municipal. O parlamentar, que é médico, relata que no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) da Santa Casa existem dois aparelhos respiratórios e o centro cirúrgico foi fechado na semana passada por falta de materiais.

“Às vezes se três cirurgias estão agendadas para determinado dia, tem material para duas e para a terceira falta”, descreve o peemedebista.

Para Ohara, a remuneração dos médicos é outro motivador da "crise" no hospital. Segundo o vereador, um médico no hospital chega a receber R$ 35 para uma anestesia para cesariana, enquanto a remuneração normal seria de R$ 300. “A falta de condição de trabalho é reclamação comum para estes profissionais”, garante Oseas.

Já em Dourados, o médico Mario Eduardo Rocha, ex-secretário de Saúde de Dourados, citou como problemas: “carência de profissionais da saúde, de estruturas especializadas, que acabam por criar filas principalmente em relação à oferta de exames, superlotação em hospitais, o que geram ações judiciais e preocupam cada vez mais os gestores”.

Como solução, o médico, que deixou a secretaria em setembro do ano passado, vinte e oito dias após a Operação Uragano da Polícia Federal, engrossou o pedido pela aprovação da Emenda 29, que redefine os percentuais de aplicação de recursos na Saúde para União, estados e municípios.

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