Produtores discordam de laudo do Incra e acusam omissão do Governo Federal
Um dia após o laudo do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria) fixar em R$ 80 milhões o valor da chamada “Terra Indígena Buriti”, 15 mil hectares localizados no município de Sidrolândia, os produtores rurais que possuem título de posse da área prometem abandonar a mesa de negociação da União.
“Com este valor não tem acordo. A mesa de diálogo como Governo Federal é um embuste, está enganando índios e produtores. Eles não terão o documento da terra que querem, e nós não vamos vender nesse acordo. Isso desrespeitoso. Foram lá queimaram minha casa, roubaram meu gado, meus equipamentos, e agora não querem pagar isso”, disse Ricardo Bacha.
A invasão da fazenda de Bacha em Sidrolândia, foi o estopim do atual conflito entre produtores e índios em Mato Grosso do Sul. O imbróglio envolvendo os interessados na terra trouxe ao Estado integrantes do primeiro escalão do Governo Federal, como os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, e Luiz Inácio Adans, da AGU (Advocacia Geral da União).
Os produtores querem ao menos R$ 124 pelos 15 mil hectares, divididos em pouco mais de 30 fazendas. “Querem pagar metade do valor de mercado. O Governo esteve aqui e prometeu resolver a questão em 45 dias e já está em 450 dias. A gente estava trabalhando, produzindo para o país e agora perdemos nossas terras”, lamentou Bacha.
Ainda segundo o produtor, já existe uma decisão da Justiça comum que reconhece a terra em litígio como de propriedade dos fazendeiros. Foi inclusive a tentativa de reintegração de posse, levada à cabo pela Polícia do Estado, que culminou com a morte de um índio terena e gerou o clima de tensão na região.
Ricardo Bacha, que afirma falar apenas em nome da Fazenda Buriti, palco do primeiro conflito, se nega a retomar o diálogo com o Governo Federal, e revela que novas tentativas de reintegração de posse devem ser feitas à Justiça.