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Cidades

Vacina testada em Campo Grande pode evitar dengue e fazer história

Lidiane Kober | 03/09/2014 17:53

Após duas décadas de estudos, vacina, testada em 700 campo-grandenses, pode evitar o contágio da dengue e fazer história no mundo científico. Resultados, divulgados nesta quarta-feria (3), apontam redução global de 60,8% dos casos em crianças e adolescentes de 9 a 16 anos, após três doses do medicamento. Outra constatação é a queda de 80,3% no risco de hospitalização, além da eficácia contra a febre hemorrágica da dengue, a forma mais grave da doença.

O estudo foi comandado pela Divisão de Vacinas da Sanofi, a partir de programa abrangente de pesquisa e desenvolvimento, que envolveu 40 mil crianças, adolescentes e adultos de 15 países. No Brasil, México, Honduras, Colômbia e Porto Rico, os testes foram feitos entre junho de 2011 e abril de 2013.

Com índices altos de dengue, Natal, Fortaleza, Campo Grande, Goiânia e Vitória participaram do estudo. No total, 3,5 mil pessoas foram monitoradas no País, das quais 700 da Capital sul-mato-grossense.

O infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha acompanhou os testes em Campo Grande. “O trabalho foi controlado e bem estruturado. 700 pessoas receberam de seis em seis meses as três doses da vacina e, um ano depois, foram monitoradas e não houve registro de reação grave, que possa comprometer a saúde”, destacou.

Ele ainda enfatizou que, passados 60 anos do primeiro caso de dengue, uma “vacina se mostrou extremamente segura”. “É a única alternativa que nós temos”, ressaltou. Sobre a eficácia do medicamento, o médico aprovou o percentual. “É praticamente equivalente ao da vacina contra a influeza, que tem índice de 68% de proteção”, acrescentou.

Rivaldo ainda fez questão de destacar a possibilidade de reduzir o agravamento da doença, diante da queda de 80,3% no risco de hospitalização. “Além disso, vale ressaltar que estamos falando de quatro vacinas, pois ela protege contra os quatro sorotipos de dengue”, comentou.

Com base em previsões da Divisão de Vacinas da Sanofi, ele acredita que o medicamento pode estar no mercado no segundo semestre de 2015. “Ainda precisa ser apresentada na Reunião Anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene (ASTMH) e, no Brasil, ganhar o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, explicou.

A doença - A dengue é causada por quatro sorotipos diferentes de vírus transmitidos por mosquitos e representa uma ameaça para quase a metade da população mundial. Atualmente, não existe tratamento específico disponível e essa é uma prioridade de saúde em muitos países da América Latina e da Ásia, onde as epidemias ocorrem regularmente.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima a ocorrência de até 100 milhões de infecções por ano, mas o número total de pessoas infectadas pelo vírus não é totalmente conhecido. Anualmente, estima-se que 500 mil pessoas, incluindo crianças, com dengue grave necessitem de hospitalização. Cerca de 2,5% das pessoas infectadas morrem. Em Mato Grosso do Sul, só neste ano, a dengue matou quatro pessoas e até, 27 de agosto, 7.471 casos foram notificados.

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