20 mil km de estradas feitas com plástico reciclado
É muito difícil uma nova tecnologia florescer na Europa, mais difícil ainda se torna se essa técnica é originária de um país do Terceiro Mundo. Mas a ideia de um professor de química da Índia está ganhando espaço no Velho Continente.
Enquanto a comunidade internacional quebra a cabeça para reduzir o uso de plástico, um desconhecido professor a Índia parece ter encontrado a solução. Em janeiro deste ano, o doutor Rajagopalan Vasudevan recebeu a maior das honrarias civis daquele país, ganhou o "Padma Sri", por seus estudos para reciclagem do lixo plástico como material para pavimentar estradas. Até agora, 20.000 km da rede nacional de estradas foram construídas graças ao modelo desse estudioso obsessivo com a reutilização do plástico.
Governos de todo o mundo estão proibindo o uso - ou o abuso - na utilização do plástico. Reduzir sua produção mundial atual é essencial - até 1950 só eram geradas 2 milhões de toneladas anuais, enquanto nesta década já superamos a marca de 300 milhões de toneladas anuais - todavia não é menos importante buscar formas de reutilizar esses milhões de toneladas que já estão nos lixões, rios e mares.
Realizando experiências na Faculdade de Engenharia de Thiagarajar, o cientista percebeu que o plástico em seu estado líquido, têm excelentes propriedades aglomerantes. Exatamente como o betume - um produto caro retirado de carvão mineral - que é misturado com cascalho para asfaltar as ruas e estradas. Mas o plástico líquido leva uma vantagem inicial é mais resistente que o betume. A resistência desse material é uma boa solução para a fragilidade do asfalto que está nas ruas e estradas brasileiras. Em outubro de 2017, o governo da Índia anunciou que investiria no invento do professor para reduzir os buracos no asfalto, que geraram 10% dos acidentes de trânsito.
Desde então, 16.000 quilômetros de estradas foram construídas usando a nova mistura. E o governo autorizou a pavimentação de outros 13.000 quilômetros. Além de tudo, o uso de plástico líquido na massa asfáltica barateia os custos. Enquanto um quilômetro de estrada convencional requer no mínimo 10 toneladas de betume; com a mistura de Vasudevan, cada 9 toneladas de betume está revestida por uma tonelada de plástico líquido procedentes dos lixões.
"Se essa tecnologia for seriamente adotada em todas as cidades, há potencial para conseguir a eliminação quase completa dos lixões", afirmou Almira Patel do Tribunal Supremo da Índia. Alguns ambientalistas sugeriram que a queima do plástico para a mistura de Vasudevan poderia ser danosa para a saúde humana. Todavia, o próprio Vasudevan os contesta dizendo que o plástico de sua mistura é queimado a 170 graus enquanto são requeridos ao menos 270 graus para que a decomposição do plástico vire fumaça tóxica e nociva.
Lawrence da Arábia e o uso do capacete de moto.
O recordamos sobretudo pela inesquecível recriação de Peter O´Toole no filme de 1962 que leva seu nome. Militar, arqueólogo, escritor e arabista, o britânico Thomas Edward Lawrence, conhecido como Lawrence da Arábia, acumulou motivos para tornar-se lenda. Todavia, muito menos conhecida é como sua morte prematura levaria à popularização - depois, obrigação - do uso de capacete para condutores de motos.
Depois de ser a amálgama da revolução árabe contra o império turco durante a Primeira Guerra Mundial, Lawrence da Arábia regressou a sua pátria. Era um inquieto. Entrou na Royal Air Force. Aos 46 anos, recém aposentado por merecimento, desfrutava de um tranquilo retiro em sua "cottage" - casa de campo - em Dorset, onde desenvolvia outra de suas grandes paixões: a motocicleta.
Na manhã de 13 de maio de 1935, Lawrence montou em sua Brough Superior SS100, conhecida então como a Rolls Royce das motos que Bernard Shaw lhe dera de presente. Nela, se aproximou de uma base militar onde enviaria um telegrama. Nunca regressou para sua casa. Uma manobra brusca para desviar-se de crianças em bicicletas o lançou por cima do guidão. Teve um sério traumatismo cranioencefálico. Foi transladado para o hospital onde permaneceu em coma até falecer em 19 de maio.
A morte de Lawrence da Arábia causou comoção internacional. Entre os afetados pelo falecimento estava Hughs Cairns, um cirurgião de 38 anos que trabalhava em Londres e fora atender Lawrence. Cairns não pode salvá-lo.
Lawrence não usava capacete na hora do acidente. Depois daquele acontecimento, o cirurgião converteria a proteção da cabeça dos condutores de moto no núcleo de sua carreira. Cairns tinha ido a Boston, nos EUA, aprender com Harvey Cushing a incipiente neurocirurgia. Virou a referencia nesse tipo de cirurgia. Era uma época onde ela estava sendo apenas praticada, não existia como especialidade médica. Cairns empreendeu o primeiro estudo do mundo sobre mortalidade devidas a lesões cerebrais sofridas por motoristas. Demonstrou que dos centenas de condutores de motos acidentados somente sete usavam capacete, e todos esses sete haviam sobrevivido. Por outro lado, dos últimos 149 casos analisados, as lesões na cabeça causaram a morte de 102 condutores.
Para ser bom em algo têm que dedicar-lhe 10 mil horas.
Enquanto a maioria dos especialistas questionam a utilidade que têm memorizar dados na era do Google e advogam pelo término das fileiras de cadeiras e dar mais liberdade para os alunos, há outra corrente que defende a necessidade de uma escola mais tradicional, onde predomine a disciplina, o esforço e a autoridade do professor. Questionam os postulados das novas pedagogias, mas também se distanciam daqueles (terceiro grupo de pedagogos) que creem que a escola é uma fábrica de alunos em série.
A primeira indagação que respondem é sobre a disciplina. Entendem que as relações entre pais e filhos se baseiam, mais que nunca, nas emoções. Argumentam que temos uma vida mais fácil e queremos que nossos filhos também a tenham. Mas a escola têm de ser consciente de que sua tarefa principal segue sendo formar intelectualmente os jovens. A escola não pode ser uma creche, nem o professor deve ser um psicólogo de alunos. O professor deve dar conhecimento aos jovens, transmitir-lhes cultura e dar uma ideia de ordem social. A escola é a primeira instituição com que se deparam as crianças e é importante que vejam que existem regras, que o professor é a autoridade e que deve haver respeito, tanto para com os professores quanto para os demais alunos.
O novo desafio é controlar o celular. As escolas que o proíbem em sala de aula estão agindo corretamente. Na casa, os pais devem vigiar o tempo que os filhos gastam nessa tecnologia. Proibir é difícil e conflituoso, mas um pai moderno deve saber dizer "não". Deve resistir.
A escola é o lugar para aprender a pensar sobre uma base de dados. A insistência das novas pedagogias em "aprender a aprender" sem falar antes da aprendizagem é uma falsidade, porque não podemos "pensar sem pensar" em algo. Sem dados, não com o que começar a pensar.
A satisfação da escola deve estar vinculada ao conteúdo. Entrar em uma sala onde te contem algo que não saiba. Mas têm de entender que para saber algo novo terá de se esforçar. É fundamental que o professor ensine a ler, mas também a como se comportar. É impossível aprender bem sem que haja ordem na sala. Essa é a base principal: comportamento, leitura, e apreço pelo conhecimento.
Para aprender a escrever, uma criança têm de sentar corretamente, olhar para a frente, ter lápis e papel, concentrar-se. Aprender pode ser um prazer, mas requer esforço, trabalho. Isso têm de ser dito às crianças. Se não, os estamos enganando. Os estudos do cientista sueco Anders Ericsson mostraram que há necessidade de um esforço prolongado para melhorar em qualquer coisa. Para ser bom em algo têm que dedicar-lhe 10 mil horas. E isso deve ser feito de forma consciente e trabalhar com um professor.